Produção de azeite bateu, em 2013, o recorde dos últimos 50 anos

Olival rendeu quase um milhão de hectolitros de azeite. Produção vegetal teve um bom desempenho e a animal um comportamento mais negativo, segundo o INE.

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Produção do olival cresce 55% Daniel Rocha

Os investimentos que têm sido feitos nos últimos anos, aliados às boas condições climatéricas e fisiológicas, colocaram a produção de azeite, em 2013, em valores recorde dos últimos 50 anos, atingindo praticamente o milhão de hectolitros. Os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para um valor global de 999,9 mil hectolitros, o que representa um crescimento de 55% face ao ano anterior.

Os valores finais, que integram as Estatísticas Agrícolas de 2013 hoje disponibilizadas pelo INE, ficam também acima da média de produção de azeite no período 2009-2012, que foi de cerca de 710 mil hectolitros. O crescimento nas quantidades de azeite saído dos lagares foi especialmente visível nas regiões do Alentejo, onde a produção final cresceu 54%, para 689 mil hectolitros, e na zona Norte, que passou para 155 mil hectolitros, ou seja, mais 52%.

O bom desempenho do sector do azeite no ano passado tem muito a ver com os investimentos que têm sido realizados em novas plantações e na gestão tecnológica da produção e supera em muito as necessidades do mercado nacional, depois de, nos anos 60, o olival ter sido relativamente desprezado em favor dos óleos alimentares, que estavam então a chegar ao mercado com estratégias de penetração muito agressivas.

O INE nota, aliás, que 2013 foi um ano favorável para o conjunto da produção vegetal, na qual o olival se integra. A produção de milho, que nos últimos anos tem vindo a ganhar novo fôlego, mercê dos investimentos feitos em regadio e da alteração do regime de apoios europeu, ultrapassou a 925 mil toneladas, o que constitui um valor recorde para as últimas décadas, o mesmo acontecendo com a batata, cuja produção encostou, praticamente, às 500 mil toneladas, o que constitui o melhor registo nas últimas quatro campanhas. Na área dos frutos, a maçã surge à frente, com uma colheita global de 287 mil toneladas, a melhor nos últimos dez anos.

Cenário diferente verificou-se com a produção animal, com as principais categorias em queda, à excepção da criação de ovinos, que registou um crescimento de 1,3%. No caso dos bovinos, cuja produção evidencia um recuo de quase 10% face a 2012, para 84 mil toneladas, o mau comportamento sectorial foi muito determinado pela seca sentida no ano passado, o que fez com que baixasse a manta de pastagens, daí resultando défice na alimentação das vacas que alimentam os vitelos. E também fica a dever-se a um “aumento da saída do país (nomeadamente para Espanha) de animais vivos com menos de 12 meses”.

Também nos suínos houve uma quebra de quase 5% na produção, neste caso devido à implementação de novas regras europeias de bem-estar animal, que tiveram como consequência uma redução do efectivo das explorações.

Depois de ter crescido em 2012, a produção de leites caiu no ano passado, para cerca de 1800 milhões de toneladas, o que representa um desvio negativo de 4,4%. Também aqui, as condições climatéricas (seca no Verão passado), aliadas a um aumento substancial dos custos de produção que não são repercutidos, em toda a extensão, nos preços acabaram por influenciar decisivamente o resultado final.

Apesar de 2013 mostrar um quadro produtivo que não apresenta uma tendência comum, há um crescimento global de 5,7% no índice de preços à produção (tinha sido de 3,2% no ano anterior). Já o índice de preços dos bens e serviços de consumo corrente na agricultura cresceu apenas 1,9% e o dos bens de investimento 2%. O INE afirma que os principais contributos para o aumento do índice de preços provêm da batata, cujo preço médio subiu 88,8%, o azeite (25,5%) e os hortícolas frescos. Pelo contrário, as plantas forrageiras e os cereais viram o índice decair.

O INE estima que a produção global do ramo agrícola a preços base terá crescido para 6726 milhões de euros, cerca de 260 milhões de euros mais do que em 2012, ou seja, mais 4%, O rendimento empresarial líquido foi de 1497 milhões de euros (mais  167 milhões de euros) e o valor acrescentado bruto sectorial atingiu os 2416 milhões de euros, mais 9,8% do que em 2012.
 

   

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