Procura interna abrandou o ritmo de crescimento e a economia também

Consumo privado desceu para 1,9% no quarto trimestre.

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Adriano Miranda

Foi graças à procura interna, com destaque para o consumo privado, que a economia voltou a terreno positivo no ano passado, depois de um interlúdio de três anos. No entanto, e depois de um terceiro trimestre com um crescimento homólogo de 2,1%, a procura interna abrandou o ritmo para 1,4% – o pior registo do ano.

Na base desta desaceleração está o acentuar do contributo negativo do consumo público (-1,6% homólogos, quando no trimestre anterior tinha sido de -0,3%) mas, principalmente, dos gastos das famílias, que se ficaram pelos 1,9% (2,7% nos três meses anteriores).

De acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), “a componente de bens não duradouros e serviços foi a que mais contribuiu para a desaceleração do consumo privado, tendo passado de uma variação homóloga de 1,7% no terceiro trimestre para 1%”.

Nos últimos meses do ano, destaca o INE, “a componente de bens duradouros continuou a apresentar um crescimento homólogo intenso”, de 13,2%, mas até neste caso uma descida, já que no terceiro trimestre o aumento tinha sido de 16,2%. Ou seja, as famílias continuam a investir em bens como novos veículos automóveis, mas de forma menos acentuada.

Já o investimento, terceiro pilar da procura interna, subiu 3% entre Outubro e Dezembro, em termos homólogos. São mais 0,5 pontos percentuais (p.p.) face ao trimestre anterior, mas abaixo do ritmo dos primeiros seis meses do ano.

No caso das exportações e das importações, diz o INE, houve uma melhoria, mas a procura externa líquida (exportações menos importações) continua a pesar nas contas devido ao maior peso das compras ao exterior. “A procura externa líquida registou um contributo ligeiramente menos negativo no quarto trimestre, situando-se em -0,7 p.p. (-1 p.p. no terceiro trimestre), reflectindo a aceleração das exportações de bens e serviços”.

Os diferentes contributos fizeram com que, tal como o INE já tinha comunicado, o PIB crescesse 0,7% no quarto trimestre e 0,9% em volume no ano passado (após o recuo de 1,4% verificado em 2013). Ou seja, ligeiramente abaixo da previsão do Governo.

Para este ano, o executivo, conforme o que ficou inscrito no Orçamento do Estado, estima que o PIB cresça 1,5%, com a procura interna a subir 1,3% e um contributo positivo da procura externa líquida (0,2%). Já a Comissão Europeia reviu recentemente as suas previsões em alta, passando de uma variação do PIB de 1,3% para 1,6%, antevendo um melhor comportamento das exportações.

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