Privatização dos CTT é "crime contra a economia", diz líder da CGTP

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O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, acusou nesta quarta-feira o Governo de praticar “um crime contra a economia” nacional com a intenção de privatizar os Correios de Portugal (CTT), uma empresa que “até dá lucro”.

“Não podem dizer que os CTT dão prejuízo. É que esta [empresa] até dá lucro. Então, porque é que a vão vender”, questionou o líder da CGTP, frisando: “Ora, aqui está mais um crime contra a economia e contra o serviço público”.

O Estado devia sim, contrapôs, “ficar com uma empresa lucrativa”, continuando “a prestar um serviço público de qualidade e, simultaneamente, a tirar os dividendos da riqueza que a empresa cria para fazer novos investimentos no desenvolvimento económico e social do país”.

Arménio Carlos falava aos jornalistas em Évora, durante uma concentração, ao final da tarde, na Praça do Giraldo, contra a privatização dos CTT, que juntou trabalhadores, sindicalistas e delegados sindicais.

O protesto, no qual também participou o secretário-geral da UGT, contou ainda com a presença de representantes sindicais de serviços postais de vários países europeus, que estão em Évora, até sexta-feira, numa conferência sobre o sector.

Em declarações aos jornalistas, o líder da CGTP criticou o processo de privatização dos CTT, o qual, frisou, ataca “direitos dos trabalhadores” e “diminui a prestação deste serviço importantíssimo” para a população, além de que põe “em causa a própria economia” do país.

Em jeito de comparação, Arménio Carlos aludiu ao caso da Rodoviária Nacional, que era pública e cuja privatização prejudicou as populações, sobretudo as do interior.

“Há 25 anos havia a Rodoviária Nacional. Todos os dias, na aldeia, na vila ou na cidade, fosse no litoral ou no interior, lá estava a camioneta da Rodoviária, de manhã, à tarde e à noite”, lembrou.

Mas, depois, “desmembraram e privatizaram” a empresa, disse, sublinhando: “Tudo o que dava lucro, tem camionetas”, ou seja o litoral, enquanto “tudo o que dava prejuízo, ficou sem camionetas”, isto é, o interior.

“É isto que queremos também para os Correios? Não”, afiançou, lamentando que o Governo não só não aprenda com os erros, como insista em “cometer os mesmos erros”, o que só “acentua a desertificação e as assimetrias” do país.

Questionado pelos jornalistas a propósito do mesmo tema, o secretário-geral da UGT defendeu que “a liberalização não pode valer tudo” e também lembrou os “fortíssimos lucros para a economia nacional” que os CTT têm dado “nos últimos anos”.

Aludindo ao ditado segundo o qual “vão os anéis, mas ficam os dedos”, Carlos Silva disse que, no caso dos CTT, o Governo “quer desperdiçar um anel de diamantes”, sem ter em consideração que, “além do serviço público de excelência que presta e de proximidade aos cidadãos, põe em causa muitos postos de trabalho”.

 

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