Sindicatos dizem que a greve na SATA é de 100%

Rondas negociais falharam. Primeira fase da greve prolonga-se até quinta-feira e segunda fase está marcada para os dias 2, 3 e 4 de Maio – datas que coincidem com importantes eventos nos Açores.

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Greve começa a 10 de Maio e estende-se até dia 20 do próximo mês PÚBLICO

A adesão dos trabalhadores ao primeiro dia de greve na SATA é de 100%, tendo-se apenas realizado os serviços mínimos estipulados pelo Tribunal Arbitral, revelou nesta terça-feira o porta-voz da plataforma sindical da transportadora aérea açoriana.

 

Depois do fracasso da segunda ronda negocial com a administração, os trabalhadores da transportadora aérea açoriana começaram às 00h00 uma paralisação convocada por cinco sindicatos e que se prolonga até quinta-feira, sendo depois retomada nos dias 2, 3 e 4 de Maio. Em causa está a não aplicação na empresa de um acordo assinado com a administração da TAP relacionado com cortes salariais previstos no Orçamento do Estado.

Os sindicatos argumentam que a não aplicação do acordo na SATA é uma “discriminação” dos trabalhadores da transportadora aérea açoriana em relação à companhia nacional. Já o Governo dos Açores, que tutela a empresa, diz que a realidade das duas companhias é diferente e que só seria possível aplicar o acordo na SATA violando a lei do Orçamento do Estado, recusando-se a dar indicações à administração para cometer “uma ilegalidade”.

Em causa está um acordo assinado entre a mesma plataforma de sindicatos e a administração da TAP que visa evitar cortes salariais previstos no Orçamento do Estado de 2013, que oscilam entre os 3,5% e os 10%. A administração da SATA apresentou aos sindicatos alternativas para negociação, mas os representantes dos trabalhadores dizem que implicavam uma revisão dos acordos de empresa e que não eram “quantificáveis”.

Rali dos Açores e festas do Santo Cristo afectados
Os primeiros dias de greve coincidem com o rali dos Açores e o segundo período ocorre quando se realizam as festas do Santo Cristo, dois dos eventos que mais trazem visitantes ao arquipélago. Desde que a greve foi convocada, o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, fez por duas vezes um “apelo” aos trabalhadores da SATA, sublinhando que estão em causa postos de trabalho que vão “para além” da empresa.

Por outro lado, o secretário regional do Turismo e Transportes disse por diversas vezes que com estas greves fica em causa o pagamento de salários na empresa e a sua própria sustentabilidade a “médio prazo”, já que o rali e o Santo Cristo são “picos de operação” da SATA, com receitas importantes para a sua gestão.

No final da ronda negocial de segunda-feira, o porta-voz da plataforma dos sindicatos, Jaime Prieto, referiu que “não se conseguiu” encontrar soluções para acabar com a “discriminação negativa” que está a feita aos trabalhadores açorianos.

Jaime Prieto afirmou que, após mais esta ronda de negociações, a transportadora aérea açoriana não tinha uma “proposta concreta” no que concerne ao corte nos vencimentos dos trabalhadores que pudesse formalizar como sendo uma proposta final.

Por seu lado, o presidente do conselho de administração da SATA, Gomes de Menezes, adiantou que não foi possível chegar a um acordo, mas que foi debatido “um conjunto de questões muito pertinentes tais como as reivindicações dos associados dos sindicatos e as restrições legais que a SATA tem para apresentar soluções concretas que consubstanciam um esforço para o grupo de cerca de um milhão de euros”.

O responsável da SATA disse esperar que se tenha evoluído e frisa que enviou na segunda-feira aos sindicatos um conjunto de propostas visando ir de encontro dos trabalhadores, mas sempre no “total respeito” e “cumprimento da lei”. “A SATA tem reiteradamente apresentado propostas. Fazemos aqui um grande apelo aos sindicatos para também apresentarem propostas, para não ficarem sempre à espera que a SATA avance propostas, que são de trabalho”, declarou na altura.

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