Prestação dos empréstimos à habitação cai para o valor mais baixo de sempre

Desde Janeiro, as taxas Euribor associadas aos empréstimos da casa já caíram para um terço do valor.

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Queda das taxas Euribor reduz encargos das famílias com a prestação da casa

As famílias portuguesas com empréstimos à habitação, a rever em Outubro, vão beneficiar de uma nova descida nas prestações a pagar nos próximos meses, em resultado da queda das taxas Euribor, que estão nos níveis mais baixos de sempre.

As recentes medidas anunciadas pelo Banco Central Europeu (BCE), entre as quais esteve o corte da taxa directora para 0,05%, mínimo histórico, estão na origem de nova queda das taxas Euribor, a que estão associados a quase totalidade dos empréstimos em Portugal.

Para além da redução da prestação, que é mais expressiva nos empréstimos associados à Euribor a seis meses, a melhor notícia para as famílias com empréstimos decorre da expectativa de manutenção das taxas de juro em níveis historicamente baixos, nos próximos meses.

A reflectir essa estabilização, o contrato de futuros a três meses, com vencimento em Dezembro, negociava esta terça-feira a 0,08%, ou seja, os investidores estão a admitir que será esse o valor da taxa no final do corrente ano.

Desde o início do ano, a Euribor a três e a seis meses, os prazos mais utilizados em Portugal, já caíram para um terço do valor.

A Euribor a três meses, a que estão associados os empréstimos à habitação mais recentes e os financiamentos às empresas, estava em Janeiro em  0,292%. Em Setembro, esta taxa fixou-se 0,097%.

A média da Euribor a seis meses, arredondada à milésima, como exigem as regras fixadas pelo Banco Portugal, caiu em Setembro para 0,2%, abaixo dos 0,396% de Janeiro. Também o recuo da Euribor a 12 meses é expressivo desde o início do ano, passando de 0,562% para 0,362%.

O reflexo da queda recente das taxas Euribor, que são fixadas no mercado monetário através das taxas a que um conjunto alargado de bancos está disponível para emprestar dinheiro entre si, é mais expressiva nos empréstimos associados ao prazo de seis meses.

Uma simulação feita pelo PÚBLICO para um empréstimo de 150 mil euros, pelo prazo de 30 anos, com um spread de 0,7%, e tendo por base a Euribor a seis meses, corresponde a uma prestação mensal de 475,60 euros. Face à última revisão, há seis meses, a prestação cai 14,28 euros.

Nos contratos associados à Euribor a três meses, o que implica revisões da taxa a cada três meses, a redução será menor. Com a nova taxa, a prestação corresponde a 468 euros, menos 6,8 euros face à última revisão.

A descida das prestações é mais expressiva nos empréstimos mais antigos, a que estão associados, pelo menos numa grande maioria, spreads (margem comercial do banco) mais baixos. Os contratos mais recentes têm spreads mais altos, que atenuam a descida da prestação.

A manutenção das taxas de juros nos empréstimos mais antigos tem ainda outra vantagem, a de aumentar a componente de amortização de capital, o que vai atenuar o impacto de futuros aumentos da Euribor.
O cenário de aumento expressivo das taxas de juro do mercado monetário parece afastado em 2015 e 2016, e alguns analistas admitem mesmo um cenário de baixas taxas de juro na zona euro, não necessariamente nos níveis actuais, até ao final de 2017.

Essa perspectiva de juros baixos decorre das fracas previsões de crescimento para os próximos anos. Os últimos indicadores – queda da confiança, queda da inflação, aumento do desemprego na Alemanha – reforçam esse pessimismo.

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