Prestação da casa volta a cair nos empréstimos a rever em Novembro

Depois de uma queda para valores próximos do zero, taxas Euribor dão primeiros sinais de inversão de ciclo.

Foto
Venda de casas usadas com maior peso no mercado Fernando Veludo/Nfactos

O saldo continua favorável às famílias. A média das taxas Euribor em Outubro voltou a descer, o que significa novas reduções das prestações da casa nos empréstimos a rever em Novembro. Renovando novos mínimos históricos, as taxas Euribor a três e mesmo a seis meses aproximam-se do zero, arrastando as prestações dos contratos à habitação para os níveis mais baixos de sempre. O efeito é, no entanto, maior nos empréstimos mais antigos, com spreads (margem comercial dos bancos) mais baixos.

Apesar da boa notícia que a queda das taxas Euribor tem representado para empresas e famílias com empréstimos, a evolução registada na segunda metade do mês pode indiciar uma inversão de ciclo. Mesmo que a evolução de Novembro venha a confirmar a tendência de subida, ela será sempre ligeira, pelos mesmos nos próximos meses.

A média da Euribor a três meses, o prazo mais utilizado nos créditos recentes, fixou-se em Outubro em 0,083%, contra 0,097% de Setembro. Um contrato de 150 mil euros, a 30 anos, com um spread de 0,7%, vai passar a pagar uma prestação de 467,66 euros. Este valor corresponde a menos 7,75 euros face à última revisão de taxa, ocorrida em Agosto passado.

A Euribor a seis meses, o prazo mais utilizado no conjunto dos empréstimos à habitação em Portugal, fixou-se em 0,184%, abaixo dos 0,2% de Setembro. A simulação, realizada pelo PÚBLICO, permite concluir que o mesmo empréstimo, com esta taxa, passará a pagar 474,51 euros. Face à última revisão, que ocorreu em Maio, a prestação desce 16,96 euros.

A Euribor a 12 meses, um prazo muito pouco utilizado em Portugal nos empréstimos à habitação, também continuou em rota descendente, fixando-se em 0,338% em Outubro, contra 0,362% do mês anterior.

A descida das taxas Euribor, fixadas no mercado interbancário a partir dos valores a que os bancos estão disponíveis para emprestar dinheiro entre si, tem sido influenciada pelas decisões de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

Entre as medidas recentes do BCE está o corte da taxa directora para 0,05%, mínimo histórico, e a decisão de compra de obrigações hipotecárias, com vista a injectar mais dinheiro na economia e a afastar o risco de deflação.

A estimativa rápida do Eurostat, divulgada esta sexta-feira, revela que a taxa de inflação na zona euro situou-se nos 0,4% em Outubro, acima dos 0,3% de Setembro.

De acordo com os dados divulgados pelo Eurostat, um dos maiores contributos para a subida da inflação veio dos serviços, que deverão ter atingindo uma inflação de 1,2%, valor acima de 1,1% registado do mês anterior. Em seguida surge o segmento dos alimentos, álcool e tabaco, com uma taxa de 0,5%, contra 0,3% do mês anterior. Os bens industriais não energéticos e a energia registaram uma taxa negativa de 0,1% e de 1,8%, respectivamente.

Apesar de ligeira, ou ainda muito longe da meta desejável dos 2%, a evolução da inflação retira pressão ao BCE, que já iniciou a compra de dívida hipotecária detida pelos bancos. Os dados da última semana apontam para a compra de 1700 milhões de euros em obrigações hipotecárias, essencialmente de bancos dos países do Sul da Europa e da Alemanha, um montante que ficou acima das expectativas dos analistas.

Sugerir correcção
Comentar