Presidente do Parlamento Europeu critica actuação do FMI em Portugal

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Martin Schulz John Thys/AFP

O presidente do Parlamento Europeu criticou a actuação do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Portugal, dizendo que os responsáveis desta instituição têm primeiro que entender-se sobre o pretendem para os países sob assistência financeira.

Martin Schulz, também dirigente social-democrata germânico, falava no início de um jantar de trabalho com o secretário-geral do PS, António José Seguro, num hotel em Lisboa.

Confrontado com o teor do relatório do FMI sobre cortes na despesa pública em Portugal em 2013 e 2014, na ordem dos 4000 milhões de euros, o presidente do Parlamento Europeu criticou o comportamento dos responsáveis desta instituição mundial.

"Tomei nota do relatório do FMI [para Portugal], mas também tomei nota de observações do mesmo FMI há alguns dias, concluindo que a receita [de austeridade] estava errada. No entanto, agora parece que voltaram com a velha receita, que consideravam errada no FMI", respondeu o presidente do Parlamento Europeu.

Depois, Martin Schulz deixou uma sugestão aos principais responsáveis do FMI.

"A minha proposta ao FMI é que, em primeiro lugar, se entendam internamente sobre o que pensam que é a melhor solução" para os países sob assistência financeira, disse.

Martin Schulz sublinhou que se encontra em Portugal num momento difícil do país e criticou a actual via económica assente exclusivamente em políticas de austeridade, tendo em vista a obtenção a prazo de eventuais ganhos de competitividade.

"As elevadas taxas de desemprego nas camadas mais jovens de vários Estados-membros da União Europeia está não só a destruir a confiança em cada país, mas também atingir o nosso sistema civilizacional e democrático. A maioria dos membros do Parlamento Europeu está a lutar por disciplina [financeira], que é inevitável, mas também entendem que se investimento, sem crescimento, sem luta contra o desemprego não é possível qualquer recuperação económica", sustentou o social-democrata germânico.

Neste contexto, o presidente do Parlamento Europeu criticou a filosofia económica e financeira dominante nas instituições europeias.

"A filosofia de que, com cortes nos gastos públicos e com redução do défice, se reconquista a confiança dos investidores e se recupera o crescimento está errada. A disciplina orçamental não pode excluir o crescimento, que significa maior actividade económica e mais taxas", defendeu o social-democrata alemão.

Nas declarações que fez aos jornalistas, Martin Schulz afirmou também esperar que, na sequência do seu encontro com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na sexta-feira, também apoie a luta do Parlamento Europeu a favor de um aumento do orçamento da União Europeia.

"O Governo do meu país, a Alemanha, é favorável a uma forte redução" das perspectivas financeiras da União Europeia, "mas penso que é errado, porque a União Europeia precisa de mais investimento", sustentou o presidente do Parlamento Europeu.

Neste contexto, Martins Schulz apontou que muitas pequenas e médias empresas europeias "tem muitos projectos e ideias inovadoras, apresentando um potencial de criação de emprego imediato, só que tem um problema pela frente: o acesso ao crédito", declarou.

O presidente do Parlamento inicia sexta-feira oficialmente a sua visita a Portugal, tendo encontros agendados com o Presidente da República, Cavaco Silva, com a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, e com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

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