Presidente do Eurogrupo insiste na imposição de uma taxa bancária em Chipre

Jeroen Dijsselbloem deixa implícito que um eventual novo empréstimo russo não permitirá libertar os 10.000 milhões de euros do resgate.

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Dijsselbloem assumiu a responsabilidade do aval do Eurogrupo à proposta sobre os depósitos JOHN THYS/AFP

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, insistiu nesta quinta-feira em que o programa de ajuda a Chipre terá de ter uma taxa bancária, embora defendendo que terá de ser mais equilibrada e justa e incidir mais sobre os grandes depositantes do que sobre os pequenos.

Dijsselbloem, que é também o ministro das Finanças da Holanda, disse igualmente que um novo eventual empréstimo da Rússia a Nicósia em alternativa à taxa bancária, como está a ser tentado pelo Governo cipriota, não resolverá o problema.

Para o ministro holandês, um empréstimo da Rússia não faria mais do que aumentar a dívida cipriota para níveis insustentáveis, que é precisamente o que a zona euro e o FMI quiseram evitar quando decidiram a solução da taxa sobre os depósitos bancários complementar a um pacote de empréstimos de 10.000 milhões de euros.

Admitindo que os russos estarão dispostos a conceder um novo empréstimo adicional ao de 2500 milhões de euros acordado em 2011, "isso não contribuirá para a sustentabilidade da dívida", afirmou o ministro holandês, acrescentando que "aumentar a dívida de Chipre não os ajudará a trabalhar para um novo futuro".

Com esta posição, Dijsselbloem deixou implícito que um eventual novo empréstimo russo não permitirá à zona euro e ao FMI libertar os 10.000 milhões de euros prometidos, o que deixa Chipre e os seus bancos em risco de bancarrota.

Segundo Dijsselbloem, "para o programa ser sustentável, tem de ter um elemento de partilha do fardo do lado cipriota". Em sua opinião, no entanto, a taxa terá de ser "mais justa" e "equilibrada" e prever uma "maior contribuição dos grandes depositantes do que dos pequenos".

A este respeito Dijsselbloem disse que, "enquanto presidente do Eurogrupo", assume a responsabilidade pela decisão dos ministros das Finanças de tributar os depósitos inferiores a 100.000 euros.

Este é o aspecto mais controverso do pacote de ajuda a Chipre devido à protecção jurídica consagrada na legislação europeia dos montantes até este valor.

A ajuda acordada pelo Eurogrupo no sábado previa uma taxa de 6,75% sobre os depósitos até 100.000 euros e de 9,9% sobre os montantes superiores, mas foi rejeitada na terça-feira pelo Parlamento cipriota. Desde então, o Governo de Nicósia está em contactos intensos com a Rússia, origem de grande parte dos depósitos bancários na ilha, para encontrar soluções alternativas ao novo imposto.

A taxa "é inevitável para construir um pacote que não implique maiores empréstimos e mais dívida para Chipre além dos 10.000 milhões de euros" prometidos pela zona euro e pelo FMI, insistiu Dijsselbloem. "Continuo a pensar que é provavelmente inevitável que haja algum tipo de taxa no pacote final", afirmou. Defendeu ainda que é "justo" tributar os depósitos de não residentes em Chipre, numa referência aos milhares de russos com contas bancárias na ilha. "A maior parte dos depositantes [em Chipre] não são aforradores, são investidores", vincou.
 
 

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