Presidente de Chipre nega envolvimento em desvio de depósitos

Nicos Anastasiades nega ter dado informação privilegiada a familiares e garante que todas as suspeitas de desvios de depósitos serão investigadas.

Foto
Nicos Anastasiades viu-se envolvido em suspeitas, que refutou e mandou investigar YIANNIS KOURTOGLOU/AFP

O presidente de Chipre negou nesta segunda-feira ter dado informação privilegiada a familiares para lhes permitir retirar dinheiro do país. E assegurou que ninguém escapará ao escrutínio da comissão criada para investigar as denúncias de desvios de depósitos.

“Queria deixar clara uma coisa sobre tudo isto: nem sabia nem podia ter dado informação privilegiada no preciso momento em que lutava para evitar o que nos foi imposto”, afirmou Nicos Anastasiades, conservador, referindo-se à madrugada de 15 de Março, quando foi alcançado o primeiro acordo com o Eurogrupo.

O Presidente reagia a notícias avançadas pelo jornal cipriota Jaravgui, segundo o qual uma empresa cipriota propriedade de um familiar de Anastasiades teria transferido 21 milhões de euros do Banco Popular (Laiki) para duas entidades financeiras em Londres, três dias antes desse primeiro acordo, que previa a aplicação de uma taxa extraordinária sobre os depósitos bancários.

Anastasiades assegurou ter dado instruções à comissão criada com o objectivo de apurar responsabilidades políticas e bancárias nesta crise para que investigue “qualquer coisa relativa” a si ou a familiares. A investigação deverá iniciar-se na terça-feira, 2 de Abril, e vai debruçar-se sobre todas as suspeitas de transferência para o estrangeiro de importantes somas nos dias anteriores ao pedido de assistência financeira.

A comissão, criada na semana passada e constituída por três antigos juízes do Supremo Tribunal, vai ainda analisar a lista de personalidades – incluindo políticos e empresários – divulgada pela imprensa grega, que terão beneficiado de um perdão dos empréstimos concedidos pelos dois principais bancos cipriotas e que agora estão no centro da crise, o Laiki e o Banco de Chipre.  Segundo a agência AFP, em causa estão empréstimos no valor de milhões de euros.

No passado dia 25 de Março ficou fechado o plano de resgate de Chipre, no valor de 10 mil milhões de euros, que implica a reestruturação do Laiki e do Banco de Chipre, afectando os depositantes com mais de 100 mil euros, os accionistas e os detentores de títulos das instituições financeiras.

Na prática, os depositantes verão as suas contas reduzir-se significativamente – perdas que, segundo a AFP, afectam sobretudo as empresas e terão consequências "dramáticas" no conjunto da economia cipriota.
 

Sugerir correcção
Comentar