Presidente do CaixaBank desvaloriza atraso na desblindagem de estatutos do BPI

Gonzalo Gortázar afirmou estar convicto de que a oferta de compra das acções "será concluída".

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O presidente executivo do CaixaBank afirmou que o atraso na decisão de desblindagem de estatutos do BPI "não é problemático", mas avisou que a OPA sobre o banco, lançada em Abril, está condicionada àquela decisão.

"O atraso de 45 dias não é um atraso problemático para o calendário da OPA" sobre o BPI, disse Gonzalo Gortázar esta sexta-feira, em Barcelona, na apresentação dos resultados do primeiro semestre. O responsável bancário declarou que "continua a confiar" que a decisão de lançar a OPA "é uma boa opção para os accionistas e que esta será concluída", e recordou que o adiamento foi decidido por 85% dos votos.

Os estatutos do BPI impedem actualmente qualquer accionista de votar com mais de 20%, independentemente da participação accionista que tenha. Por isso, apesar de o CaixaBank ter cerca de 45% do capital social do BPI, tem praticamente o mesmo poder da holding Santoro, que tem cerca de 19% do capital.

Para Gonzalo Gortázar, o CaixaBank espera "que esse adiamento seja uma questão temporal" e que "cabe à justiça portuguesa ter de tomar uma decisão sobre a providência cautelar e outros assuntos".

"O que é claro é que nós colocámos uma condição e se essa condição não se cumprir vamos retirar a oferta", disse o presidente da instituição bancária com sede em Barcelona. Gonzalo Gortázar evitou pronunciar-se sobre a "decisão táctica" de continuar a comprar ações do BPI no mercado, antes de se confirmar a desblindagem de estatutos. 

Sobre o interesse do BPI na venda do Novo Banco, o presidente executivo também não se pronunciou, afirmando estar "concentrado a cem por cento" na OPA, que, defendeu, "faz sentido para o BPI e para o CaixaBank".

A compra do Novo Banco "é uma compra independente" de tudo o resto, afirmou Gonzalo Gortázar, acrescentando que "não é necessário fazer mais operações para que o BPI se estabilize, cresça, cumpra a função importante de dar crédito à sociedade portuguesa".

No início do ano, estalou uma "guerra" entre os principais accionistas do BPI, o espanhol Caixabank, com cerca de 45% do capital social, e a angolana Santoro, de Isabel dos Santos, com cerca de 19%.

Este conflito accionista eclodiu por causa das regras do Banco Central Europeu que obrigam a uma redução da exposição excessiva do banco a Angola, mas fez perceber a falta de entendimento não só quanto a uma solução para este problema mas também numa estratégia para o BPI, levando a um impasse que dura desde então.

Na semana passada, realizou-se uma assembleia-geral extraordinária só sobre este tema, mas a reunião foi suspensa por 45 dias depois de ter sido conhecida uma providência cautelar colocada pelo accionista Violas Ferreira Finantial.

No tema da desblindagem de estatutos, Caixabank e Allianz são a favor, enquanto Santoro, Banco BIC (de que Isabel dos Santos também é accionista) e família Violas estão contra.

No meio deste conflito accionista que opõe espanhóis e angolanos, em Fevereiro o Caixabank anunciou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre o BPI.

Os espanhóis oferecem 1,113 euros por acção, avaliando o banco em 1600 milhões de euros, mas a oferta está condicionada à eliminação dos limites aos direitos de votos dos accionistas, pelo que se a proposta de desblindagem de estatutos não avançar a OPA também deverá cair por terra.

A administração do BPI já fez saber publicamente que é a favor da desblindagem de estatutos, o que retiraria poder a Isabel dos Santos.

O Banco BPI registou um resultado líquido de 105,9 milhões de euros entre Janeiro e Junho, uma subida homóloga de 39,1% face ao lucro apurado em igual período do ano passado, revelou hoje a instituição.

A actividade doméstica deu um contributo de 24,5 milhões de euros e a actividade internacional de 81,4 milhões de euros, dos quais 79,1 milhões de euros provenientes do Banco de Fomento Angola (BFA).

O CaixaBank teve um lucro de 638 milhões de euros no primeiro semestre de 2016, uma diminuição de 9,9 % face ao período homólogo que incluía impactos extraordinários associados à integração do Barclays.

Gonzalo Gortázar sublinhou que o resultado antes de impostos no primeiro semestre deste ano é de 888 milhões de euros, um aumento de 59,4% em relação ao primeiro semestre de 2015.

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