Presidente do Banif diz que Estado vai ganhar 320 milhões com capital investido

Estado injectou 1100 milhões de euros no banco para o recapitalizar.

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A Moody’s considera o plano de recapitalização do banco insuficiente Catarina Oliveira Alves

O presidente do Banif, Jorge Tomé, disse nesta sexta-feira que o Estado português vai ganhar no total 320 milhões de euros com o investimento público que fez no banco, no qual é agora accionista maioritário.

"O Estado vai ganhar com o Banif 320 milhões de euros com dividendos e juros", disse o responsável na Comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, onde esteve a ser ouvido pelos deputados sobre as razões para o Estado ter injectado 1100 milhões de euros no banco para o recapitalizar. Um valor que o PÚBLICO já tinha adiantado.

Desse valor, que o Estado foi buscar à linha da troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) para o sector financeiro, 700 milhões de euros foram usados na compra de acções especiais do banco e 400 milhões em instrumentos de dívida convertíveis em acções (as chamadas "CoCo bonds"). O Estado é agora, e pelo menos até Junho, dono de 99,2% das acções do Banif e de 98,7% dos direitos de voto.

No Parlamento, o presidente do Banif garantiu que a instituição "vai conseguir pagar ao Estado" o capital injectado e adiantou que o dinheiro público será usado para comprar dívida soberana de Portugal.

"Se o banco vai cumprir rácios e se o dinheiro do Estado vai ser investido em dívida pública, não há razão para ser posto em causa o reembolso do Estado. O Estado empresta para comprar a sua própria dívida, logo, estamos a salvaguardar o reembolso do Estado", disse Jorge Tomé.

O responsável afirmou ainda que também o dinheiro que entrar no banco no aumento de capital destinado a privados, que este irá levar a cabo até final de Junho, servirá para comprar dívida soberana portuguesa.

No plano de recapitalização acordado com as autoridades públicas, o Banif comprometeu-se a levar a cabo um aumento de capital para accionistas privados de, pelo menos, 450 milhões de euros. Se essa meta for cumprida, o Estado reduzirá então a sua participação para 60,6% das acções e 49,4% dos direitos de voto, regressando o controlo do banco para mãos privadas.

"Não tem sentido" ficar reduzido a Açores e Madeira

Jorge Tomé disse ainda que "não tem sentido" que o banco fique reduzido aos Açores e à Madeira, mesmo admitindo que estas são as redes "mais consolidadas e rentáveis" da instituição.

Jorge Tomé respondia assim, quando questionado pelo deputado do PS João Galamba sobre a decisão recente da Comissão Europeia que aprovou a recapitalização do banco, mas disse que o Banif deveria focar as suas "actividades principais na Madeira e nos Açores" e "preparar uma significativa redução das suas operações”.

"Não tem nenhum sentido que o banco fique reduzido à Região Autónoma dos Açores e à Região Autónoma da Madeira", declarou o presidente do Banif.

Por outro lado, o Banif quer vender a operação que tem no Brasil, adiantou Jorge Tomé, esclarecendo que será através da venda de activos que a instituição vai aumentar este ano o crédito à economia.

O aumento do crédito será feito através da "venda de activos no exterior", que irá dar liquidez para o banco poder emprestar dinheiro em Portugal", disse hoje Jorge Tomé na Comissão parlamentar de Orçamento e Finanças.

"O objectivo é vender esses activos, é uma forma de fazermos crédito à economia portuguesa", sublinhou, acrescentando que a operação do Brasil é uma das que o Banif quer alienar num "programa ambicioso" de vendas.

Já antes de anunciar a intenção de vender a operação no Brasil, Jorge Tomé tinha afirmado que o banco ia aumentar este ano o crédito à economia, não só por exigência do plano de recapitalização acordado com o Estado português e com Bruxelas, mas também porque isso é importante para o "equilíbrio de exploração" do Banif.

Jorge Tomé disse ainda, na Comissão parlamentar, que, depois de o banco ter reduzido os custos em 50 milhões de euros em 2012 (para que contribuiu a saída de pessoal), está a trabalhar para cortar mais 30 milhões de euros este ano.

 
 

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