Presidente da TAP diz que sobrevivência da companhia “está em risco”

Fernando Pinto enviou carta aos trabalhadores em que alerta que uma companhia de aviação “só sobrevive com a confiança dos seus passageiros”.

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Fernando Pinto reuniu nesta sexta-feira de manhã com os sindicados Miguel Manso

O presidente da TAP enviou nesta sexta-feira uma carta aos trabalhadores, em que diz que a sobrevivência da companhia “está em risco caso de prolongue a instabilidade actual”. Fernando Pinto pede, por isso, “uma reflexão serena” e que cada um pense “na melhor forma de contribuir para a salvaguarda do futuro” da empresa.

Esta carta surge depois de o gestor brasileiro, que está na TAP desde o ano 2000, ter convocado os sindicatos que agendaram uma greve de quatro dias entre o Natal e o Ano Novo para reuniões que decorreram nesta sexta-feira de manhã.

Na carta, o presidente da TAP afirma que “este prolongamento da instabilidade é trágico para qualquer companhia de aviação": "Mais ainda para uma companhia como a nossa, cujo mercado tem uma forte componente de lazer, o que impede, consequentemente, que sejam atingidos níveis tarifários médios ao alcance da maior parte das nossas concorrentes”.

Fernando Pinto escreve ainda que “nos tempos actuais, independentemente de quem seja o seu proprietário, uma companhia de aviação só sobrevive com a confiança dos seus passageiros”. E deixa um alerta: “A TAP precisa de recuperar de imediato a imagem de confiança e qualidade que ganhou ao longo de quase 70 anos de história”.

O anúncio de greve levou, de acordo com a empresa, 25 mil passageiros a alteraram as suas viagens. O PÚBLICO sabe, porém, que este número já será superior, rondando os 35 mil. E, destes, uma grande maioria optou mesmo pelo pedido de reembolso dos bilhetes, com uma perda imediata de receitas para a companhia.

Até agora, os sindicatos ainda não decidiram que resposta vão dar à requisição civil aprovada pelo Governo na quinta-feira, que obrigará 70% dos trabalhadores a comparecerem ao serviço para assegurar a totalidade da operação da companhia.

É provável que a decisão só surja neste sábado e, neste momento, ainda há três hipóteses em cima da mesa: o cancelamento da greve entre 27 e 30 de Novembro, já que os seus efeitos serão praticamente nulos face à requisição civil, a manutenção dos protestos ou um reagendamento da paralisação para Janeiro.

O que parece estar já afastado é o cenário de os sindicatos avançarem com uma providência cautelar para suspender a decisão tomada pelo Governo. A UGT, porém, anunciou nesta sexta-feira que “irá ponderar a apresentação de uma queixa contra o Estado Português junto da Organização Internacional do Trabalho e a actuação junto de outras instâncias internacionais, tais como o Conselho da Europa, as Nações Unidas e o Conselho Económico e Social Europeu”.

O ministro da Economia afirmou nesta sexta-feira, à margem da reunião de balanço da Plataforma de Acompanhamento das Relações da Cadeia Agro-alimentar, que o Governo está "a tomar esta decisão [de avançar para a requisição civil] com grande conforto jurídico", acrescentando que está "certo de que será cumprida pela generalidade dos trabalhadores".

Para Pires de Lima, o cancelamento desta paralisação de quatro dias "é o melhor presente de Natal que os sindicatos poderiam dar aos portugueses". O ministro voltou a mostrar-se disponível para continuar a negociar com os sindicatos para "acolher algumas das propostas".

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