Prejuízos da TAP caem para seis milhões em período de incertezas sobre privatização

Unidade de manutenção no Brasil registou perdas de 41 milhões.

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Governo quer relançar venda este ano, mas não é certo que cumpra o objectivo PÚBLICO/Arquivo

Apesar de todas as incertezas que permanecem em redor da venda da TAP, é certo que a transportadora aérea se encontra hoje em melhor situação financeira para uma privatização. No ano passado, o grupo registou prejuízos de quase seis milhões de euros, o que significou uma melhoria significativa face a 2012. Ainda assim, o negócio de Manutenção no Brasil continua deficitário, tendo gerado perdas de 41 milhões de euros.

O relatório e contas da Parpública, holding que agrega as participações do Estado em empresas como a TAP, revela que, em 2013, o resultado da companhia foi negativo em 5,9 milhões de euros. Este valor significa uma melhoria de quase 90% face aos 42,2 milhões de prejuízos registados um ano antes. As contas da transportadora foram beneficiadas por um lucro de 34 milhões de euros no negócio da aviação e penalizadas pelas perdas da manutenção brasileira.

No documento, a Parpública refere que a M&E Brasil, adquiria em 2005 pela TAP à falida Varig, “apresentou uma ligeira melhoria” em termos de receitas, que atingiram os 72,5 milhões de euros, tendo atingido um patamar muito semelhante ao registado na unidade de manutenção em Portugal (72,5 milhões). É que esta última registou, no ano passado, uma queda de 20% na facturação.

No entanto, o aumento do volume de negócios não foi suficiente para travar os prejuízos da subsidiária brasileira, apesar de os resultados de 2013 significarem uma melhoria face aos do período homólogo, em que as perdas superaram os 50 milhões de euros. Tal como o PÚBLICO noticiou, a M&E Brasil registou pela primeira vez lucros em Fevereiro deste ano, embora ainda abaixo de um milhão de euros. O objectivo é que esta recuperação se mantenha até ao final do ano.

A Parpública refere, no relatório, que se espera que “se concretizem as perspectivas positivas quanto à melhoria do desempenho” da empresa, de modo a “alcançar-se um novo patamar de rentabilidade que permita a recuperação dos investimentos efectuados”.

A TAP está a avaliar a conversão de empréstimos concedidos ao longo dos anos à M&E, sobretudo para cobertura de prejuízos, em capital, de modo a reduzir o passivo da subsidiária a um nível que lhe permita vencer concursos para novas encomendas. O negócio de manutenção no Brasil foi, no passado, um obstáculo à privatização do grupo, já que alguns potenciais interessados viam com maus olhos a sua inclusão no perímetro de venda. Não só pelos prejuízos, mas também pelas contingências fiscais e laborais que têm em mãos.

Privatização facilitada
A Parpública refere que “a evolução favorável” nos resultados da TAP “é um factor facilitador de um eventual relançamento do processo de privatização”, embora frise que a “decisão cabe ao Governo”. No relatório, a holding escreve ainda que pode “haver condições para que o Governo decida relançar o processo de privatização ainda no decorrer do presente ano”, depois de a primeira tentativa ter fracassado no final de 2012 com a rejeição da oferta de German Efromovich.

O executivo, que pediu aos assessores financeiros que estão a apoiar este processo uma nova avaliação da TAP com base nas contas de 2013, ainda não deu, porém, garantias de que a privatização ocorra este ano. Aliás, se a operação não for relançada até Setembro, dificilmente acontecerá na actual legislatura. Isto porque se pretende evitar que um dossier controverso como este derrape para 2015, ano de eleições legislativas. O  empresário Miguel Pais do Amaral e o antigo dono e presidente da Continental Airlines continuam a avaliar a compra do grupo.

Apesar da melhoria ao nível dos lucros, os capitais próprios da transportadora liderada por Fernando Pinto continuam negativos em mais de 370 milhões. E a dívida bancária atingiu 1050 milhões de euros no final do ano passado, embora o passivo líquido tenha caído 18% para 780 milhões.

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