Portugueses são os que menos conhecem a UE e os que menos querem saber

Portugal é o país europeu que menos quer saber de cidadania europeia, diz o Eurobarómetro de Bruxelas. Dos inquiridos, 40% dos portugueses afirmam não se sentirem europeus.

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Portugal está abaixo da média europeia no que toca ao sentimento de pertença à comunidade Frederick Florin/AFP

De acordo com o Eurobarómetro da Comissão Europeia, Portugal é dos países cujos cidadaos menos conhecimento têm sobre os seus direitos como europeus. No entanto, Portugal é também o país da UE que menos quer saber sobre estes direitos. Apenas 35% dos inquiridos dizem conhecer os seus direitos enquanto cidadãos da União Europeia, contra 36% que afirmam quererem conhecer mais.

A média europeia está nos 62% que dizem ser conhecedores dos seus direitos e nos 45% que dizem querer conhecer mais, lê-se no relatório de Outono Opinião Pública na União Europeia, divulgado nesta segunda-feira.

O relatório de Bruxelas revela ainda que 59% dos portugueses se sentem como cidadãos europeus, contra 40% que afirmam o contrário. Portugal está ligeiramente abaixo da média Europeia no que toca ao sentimento de cidadania europeia. Dos inquiridos, 63% dos europeus sentem-se, de facto, europeus; face a 36% contrários a essa noção.

“É interessante verificar que os outros países da Europa do Sul divergem bastante neste indicador de sentimento de cidadania europeia”, lê-se no relatório de Outono de 2012. De facto, apesar de a Grécia ser o país com menor sentimento de pertença à comunidade europeia – 54% não se sentem europeus – os restantes países do Sul e periferia mostram resultados díspares.

A Espanha encontra-se em sétimo lugar no sentimento favorável à cidadania europeia, com 73% a assumirem-se como europeus; apenas três lugares abaixo da Alemanha, que tem 74% dos inquiridos a responderem que se sentem cidadãos europeus.

Bruxelas sublinha o facto de os dados nacionais para o estudo terem sido recolhidos entre os dias 3 e 18 de Novembro de 2012, alguns dias apenas depois da aprovação na generalidade do Orçamento do Estado para 2013 e o momento em que foi conhecida a intenção do Governo de cortar 4000 milhões de euros no plano de refundação do Estado. Para além disso, lê-se ainda no relatório da Comissão Europeia, 12 de Novembro foi ainda dia de visita de Angela Merkel a Portugal, o que terá aguçado o sentimento antieuropeu.

O sentimento pró-europeu em Portugal é mais forte entre os quadros superiores das empresas, onde 83% se identificam como europeus, entre os jovens, com 73% de favoráveis, e no grupo dos indivíduos que completaram um maior número de anos de escolaridade, em que 71% assumem uma identidade europeia.

“Esta conjuntura ajuda assim a contextualizar o panorama da opinião pública nacional”, lê-se no relatório citado.

Os países que menos se sentem europeus encontram-se sobretudo no Leste da Europa, região-alvo do mais recente alargamento da União Europeia. As únicas excepções são a Grécia, com o menor sentimento de pertença, e o Reino Unido, na terceira posição, com 51% dos inquiridos a afirmarem não se sentirem cidadãos europeus.

Europeus querem saber mais sobre mercado laboral
A Comissão Europeia indica que, para os portugueses, a informação que é mais valorizada no conhecimento sobre a UE diz respeito à possibilidade de trabalhar num outro Estado-membro. Dos inquiridos, 20% gostariam de saber como podem emigrar para ou país europeu e 16% pediriam para saber como é que podem ir morar para outro Estado-membro.

Estes resultados espelham-se noutra categoria do inquérito do relatório Opinião Pública na União Europeia. Ao todo, 22% dos portugueses afirmam que o principal benefício de estarem na comunidade europeia é a livre circulação de pessoas e bens.

Em termos de média europeia, a livre circulação de pessoas e bens é o segundo marco positivo mais escolhido pelos inquiridos, com 27% das votações. Mas o benefício maior da União Europeia é a “paz entre os Estados-membros da UE”, afirmaram 30% dos inquiridos. Em Portugal, apenas 12% responderam que esta é a melhor característica da comunidade.

Para os portugueses, a resposta “nenhum” foi a segunda a ser elegida como o melhor benefício. A característica menos votada foi a Política Agrícola Comum, com apenas 2% dos votos, mas em pé de igualdade com a média europeia.

 
 

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