Portugueses mais confiantes do que média europeia na capacidade de lançar negócios

Relatório da OCDE e da Comissão Europeia indica que empreendedorismo jovem tende a ser mais arriscado.

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A taxa de empreendedorismo entre as mulheres é mais baixa Enric Vives-Rubio

Num cenário de crise financeira e de desemprego elevado, particularmente entre os jovens, os portugueses são optimistas quanto à sua capacidade para criar negócios. Um relatório conjunto da OCDE e da Comissão Europeia indica que mais de metade da população considera não ter as capacidades necessárias para empreender – mas Portugal, onde o empreendedorismo de base tecnológica teve um surto nos anos recentes, surge acima da média europeia no que diz respeito à auto-confiança para lançar empresas.

Os números indicam que, entre 2009 e 2013, 41% dos adultos respondeu “sim” quando questionado se tinha conhecimentos e competências para criar um negócio. Em Portugal, este valor rondava os 49%, o mesmo que a Croácia e Espanha, e muito próximo da Grécia. Tanto na Europa como em Portugal, há menos jovens do que adultos com a convicção de que têm os conhecimentos necessários.Mas são os mais novos que tendem a ser mais empreendedores, embora a diferença seja reduzida.

Na União Europeia, cerca de 3,5% dos adultos disseram estar envolvidos no lançamento de um negócio ainda numa fase embrionária (ou seja, nos primeiros meses de vida e sem capacidade para pagar salários). Este número que sobe para 4% no caso das pessoas entre os 18 e os 30 anos. O fenómeno é semelhante quando se avança para os negócios em fase inicial: 2,6% dos adultos tinham uma empresa com menos de três anos e meio, ao passo que 3,5% dos jovens afirmaram estar nesta situação. Em Portugal, os números são praticamente iguais aos da média europeia.

O relatório, contudo, aponta que o empreendedorismo jovem tende a ser mais arriscado. “Muitos jovens (45%) preferiam trabalhar por conta própria em vez de trabalhar como empregado. Apesar de taxas elevadas de startups, os negócios geridos pelos jovens tendem a ter taxas de sucesso baixas”, referem aquelas instituições.

Intitulado “Os Empreendedores em falta”, o documento aborda vários obstáculos que os países enfrentam para fomentar o empreendedorismo. Foca-se sobretudo em grupos que têm mais dificuldades em criar o próprio emprego (e que, quando o fazem, geram habitualmente menos receitas e empregam menos pessoas): jovens, imigrantes, a população mais velha e as mulheres, cuja taxa de empreendedorismo é significativamente inferior à dos homens.

Na União Europeia, a taxa de mulheres a trabalhar por conta própria era de 9,7%, sensivelmente metade da dos homens. É também mais frequente ter mulheres a trabalhar sozinhas: apenas 24% das empresárias tinham funcionários, contra 31% no caso dos homens. 

O relatório traça um cenário pouco optimista para o mercado de trabalho na Europa. “Apesar de alguns sinais de recuperação da crise económica recente, os mercados de trabalho europeus continuam a enfrentar muitos desafios”, observam as duas instituições, que se referem a “efeitos duradouros, tanto para os indivíduos como para a sociedade” e que dizem que o problema não será resolvido a curto prazo. A OCDE e a Comissão argumentam ainda serem necessárias políticas que fomentem o crescimento dos negócios criados “em vez de promover startups como um fim em sim mesmo”.

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