Portugal tem "oportunidade de ser grande exportador de energia renovável"

Eneop fabricou e instalou 600 torres eólicas em seis anos, as quais produzem 7% da electricidade que o país consome.

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Rui Gaudêncio

O reforço das interligações eléctricas europeias e regras mais harmonizadas neste sector podem ajudar a União Europeia a reduzir os custos no sector da energia em 70 mil milhões de euros anuais, disse esta terça-feira o ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva.

Neste quadro de redução de custos, abre-se a Portugal “grandes oportunidades”, segundo o ministro, de exportação de energia renovável para a Europa. Em defesa do aumento de interligação das redes eléctricas entre os países-membros da UE, calcula que esse reforço para 10% da capacidade em 2020 e para 15% em 2030, permitirá baixar em 40 mil milhões de euros anuais os custos e mais 30 mil milhões advirão de um mercado mais harmonizado.

Com as metas de energia e clima para 2030 assumidas pela UE, de aumento para 27% de energias renováveis, redução de 40% de emissões de CO2, e as metas indicativas de eficiência energética e de interligações, Moreira da Silva vê Portugal como “grande fornecedor de electricidade renovável para Europa”, sem que isso “onere um cêntimo nas tarifas dos portugueses”.

O cenário desenhado na cerimónia de conclusão do projecto ENEOP esta terça-feira corresponde, para Moreira da Silva, a uma “nova fase do país”, depois do projecto eólico que criou uma nova fileira industrial, a partir de Viana do Castelo.

Hans Kettwig, presidente executivo da alemã Enercon, um dos maiores fabricantes mundiais de aerogeradores, e que foi o parceiro tecnológico do consórcio, reafirmou ao Governo português que o grupo “vai manter-se em Portugal” e a continuar a exportar equipamentos fabricados em Viana do Castelo. O contrato assinado com o Governo em Outubro de 2006 obrigava o consórcio a exportar mais de 50% dos equipamentos. No ano em curso, a Enercon vendeu apenas dois aerogeradores para o mercado nacional. Os seus principais destinos são o Canadá, seguindo-se a Irlanda, Itália, Alemanha, França e Bulgária.

A economia portuguesa, segundo o presidente da Eneop, Aníbal Fernandes, passou a produzir 90% dos equipamentos necessários para instalar um aerogerador, quando antes tinha de importar 75%, recebeu 223 milhões de euros de investimentos nas novas fábricas e mais 1623 milhões em 48 novos parques eólicos, criou quase dois mil postos de trabalho directos e é hoje responsável por cerca 7% de toda a electricidade consumida em Portugal. A energia eólica produzida, diz, evita a importação de 170 milhões de euros de combustíveis fósseis, e é remunerada com uma tarifa “muito competitiva que faz baixar os custos do sector eléctrico nacional”.

A instalação dos parques eólicos terminou em Janeiro passado com a torre número 600, de três megawatts (MW) de potência, em Cabeço de Oiro, em Trancoso. A Eneop deixa instalados 1335 MW de potência, mais 135 do que o contrato com o Estado exigia. Aníbal Fernandes sublinhou que “estes 135 MW são 10 vezes mais do que o total instalado pelo concorrente que ficou em segundo lugar no concurso internacional”, o qual obrigava a instalar 500 MW.

O consórcio tem levado, entretanto, a cabo a separação de activos, prevista no contrato. As fábricas ficam com a Enercon e os 48 parques eólicos são repartidos na proporção da posição de cada empresa (40% Enel, 40% EDP e 20% Generg). Ontem, a Autoridade da Concorrência anunciou a notificação de compra por parte da Enel de vários activos através das subsidiárias Finerge e Sociedade Térmica Portuguesa.

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