Portugal registou uma queda de 20% no investimento imobiliário

Queda em 2012 soma-se à registada em 2011, que atingiu os 60%

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Venda de casas usadas com maior peso no mercado Fernando Veludo/Nfactos

O investimento imobiliário registou em 2012 o valor mais baixo dos últimos dez anos e o 4º mais baixo desde 2000, quando começam os registos da consultora Cushman & Wakefield.

Com uma  evolução negativa desde 2008, o mercado de investimento imobiliário esteve “praticamente estagnado, fruto da situação económica do país, refere a consultora imobiliária Cushman & Wakefield  (C&W), num comunicado sobre o mercado português.

“As estimativas provisórias de fecho de ano para o volume de investimento em activos imobiliários em Portugal (excluindo eventuais transacções durante o mês de Dezembro) apontam para um total de 231 milhões de euros, cerca de 20% abaixo do volume registado em 2011, que tinha já verificado uma quebra de 60% face aos mais de 700 milhões de euros  transaccionados em 2010”, refere o comunicado.

A C&W refere que a queda registada está em linha com as expectativas formuladas no ano anterior, que apontavam para uma manutenção da situação vivida em 2011. De acordo com Luís Rocha Antunes, do departamento de investimento da consultora, “a crise da dívida pública portuguesa e a ausência de financiamento fizeram com que vários investidores estrangeiros deixassem de considerar oportunidades no nosso país”

Acrescenta ainda que “os fortes efeitos das medidas de austeridade na economia real, bem como a evolução da economia abaixo do esperado, mantêm o afastamento dos capitais estrangeiros de Portugal. Este fenómeno, em conjugação com o desencontro entre preços de venda e valores de compra, tem afectado drasticamente a actividade do mercado de investimento imobiliário em Portugal.”

A consultora destaca que o investimento estrangeiro ao longo do ano manteve-se em volumes extremamente reduzidos, tendo representado apenas 22% do total investido, representados por quatro negócios. Em relação ao tipo de investidores no mercado, à semelhança de 2011, manteve-se a predominância dos fundos de investimento nacionais, responsáveis por 64% do total investido. Seguiram-se as empresas do mercado imobiliário, com um peso de cerca de 21%, e os pequenos investidores privados, ou family offices, que têm vindo a representar um peso crescente no mercado de investimento imobiliário, tendo sido responsáveis por 15% do investimento total.

O sector residencial foi o que recebeu a maior parcela de capital investido, cerca de 55% do total. Seguiu-se o sector de escritórios que foi responsável por 35% do volume de negócios transaccionado. Os activos de retalho verificaram em 2012 uma procura residual, representando apenas 6% do total dos fundos.

“Para 2013 as interrogações são muitas mas sente-se que existe apetência de alguns investidores para olhar para Portugal, desde que se apresentem operações de qualidade com uma boa relação risco/retorno”, conclui Luís Rocha Antunes.

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