Principle Power quer arrancar em 2017 com primeiro parque eólico no mar em Portugal

A empresa norte-americana procura financiamento de 100 milhões para construir parque eólico em Viana do Castelo.

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A construção destes parques vai dinamizar as fábricas de pás e aerogeradores de Vagos e Oliveira de Frades Paulo Pimenta

A Principle Power (PP), empresa norte-americana que desenvolveu com a EDP Renováveis o Windfloat, o projecto-piloto de energia eólica offshore (a partir do mar) ao largo da Póvoa de Varzim, quer avançar para a fase pré-comercial, prevendo ter em funcionamento um parque eólico de três ou quatro torres, com 25 MW de capacidade instalada, a partir de 2017, em Viana do Castelo. Para consegui-lo, terá de garantir primeiro um financiamento de 100 milhões de euros, explicou a presidente da empresa norte-americana, Alla Weinstein, num encontro organizado pela associação europeia de energias eólicas (EWEA).

O projecto (programado a 25 anos) já garantiu fundos comunitários de 30 milhões de euros e um financiamento de 19 milhões de euros da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). A EDP Renováveis (EDP R) vai ser promotora, mas ainda não é certo que venha a entrar com capital.

O Windfloat foi instalado em 2011 e é um dos únicos três projectos-pilotos deste tipo no mundo. Esta plataforma flutuante, construída na Lisnave (onde também serão produzidas as novas unidades), suporta as torres de produção de energia eólica é adequada para águas a partir de 25 metros de profundidade e, segundo Alla Weinstein, os seus principais méritos são os custos de instalação inferiores aos de uma estrutura fixa, uma vez que, depois de montado em terra, é instalado por um único navio.

A estrutura também tem impactos ambientais menores, “porque o equipamento é todo recuperável e o oceano volta às condições anteriores” e “não há condicionantes quanto à localização” devido à maior ou menor profundidade das águas. “Podemos ir para onde está o vento”, diz a gestora. Neste caso, os planos são ir mais para norte, para Viana do Castelo, e desta vez para uma profundidade de 60 metros.

Até à data, o Windfloat vendeu à rede eléctrica 9.7 GWh (com uma tarifa de 168 euros por MWh) garantindo um volume de negócios aproximado de 1,6 milhões de euros. A tecnologia “já provou que é capaz de sobreviver e agora está na hora de ganhar dimensão e se criarem clusters”, disse Weinstein. A PP tem em curso outra operação semelhante nos Estados Unidos, na costa do Pacífico, que também quer ver entrar na fase pré-comercial em 2017.

Quanto ao Windfloat do Atlântico, desenvolvido pela sociedade Windplus, detida pela PP, EDP R, A. Silva Matos, Portugal Ventures e Repsol, está neste momento a reorganizar a estrutura financeira. Actualmente é detido em 70% pela PP e o restante capital pertence à A. Silva Matos.

João Metelo, administrador operacional da PP, explicou que a EDP R e a Repsol já converteram a sua participação no Windfloat em capital da PP (detendo cada uma posição de 33%). A Portugal Ventures (gestora de capital de risco participada pelo Estado) está também “em processo de conversão do seu investimento de quatro milhões de euros em capital”, prevendo-se que fique com “uma pequena posição accionista” na PP.

Cerca de metade do financiamento necessário à construção do novo parque eólico offshore será garantido pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) e uma outra parte passará por financiamento junto da banca privada (estas duas componentes deverão garantir cerca de 60 milhões de euros), explicou João Metelo. Antes disso a empresa vai lançar uma operação de levantamento de capital com o objectivo de garantir até 40 milhões de euros, que poderão vir dos actuais investidores do projecto, ou novos.

“Gostávamos de ter a componente de capital definida até final do ano”, explicou o responsável. Em simultâneo, será lançada outra operação de levantamento de capital para encontrar investidores para a PP. “As reuniões com investidores deverão ter início em Julho” e estes podem ser das mais diversas áreas, desde fundos de investimento em infra-estruturas, à área financeira, explicou João Metelo.

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