Portugal não acompanha ritmo de crescimento da Irlanda e Grécia

Depois de crise intensa, países periféricos crescem agora mais do que os países do centro da zona euro.

O ritmo de crescimento e de criação de emprego da economia portuguesa vai ficar bastante abaixo do registado na Irlanda e Grécia, os dois países que acompanharam Portugal nos anos mais recentes no cumprimento de programas da troika.

De acordo com as previsões de Outono publicadas nesta terça-feira pela Comissão Europeia, Portugal irá registar nos próximos anos taxas de crescimento que apontam para uma retoma económica feita a um ritmo muito moderado. A variação do PIB será de 1,3% no próximo ano e de 1,7% no ano seguinte. Estes dois valores ficam em linha com a média europeia, para a qual a Comissão está a projectar um crescimento de 1,1% em 2015 e 1,7% em 2016.

No entanto, apesar de conseguir acompanhar o ritmo previsto para países como a Alemanha, a economia portuguesa fica distante da velocidade da retoma que se antecipa para os países que, tal como Portugal, passaram por mais dificuldades nos anos mais recentes.

Para a Irlanda, Bruxelas estima um crescimento de 3,6% em 2015 e 3,7% em 2016, depois de já ter crescido 4,6% em 2014. Para a Grécia, que apenas deverá crescer 0,6% este ano, a variação prevista para o PIB é de 2,9% em 2015 e de 3,7% em 2016.

No caso da Grécia estas taxas de crescimento elevadas que são agora esperadas são em grande parte explicadas pelo facto de esta ter sido a economia que registou uma contracção mais dramática entre 2010 e 2013. O momento em que a economia grega consiga recuperar para os níveis do passado está ainda, mesmo com taxas de crescimento como as agora previstas, num horizonte longínquo. Para Portugal, o ritmo de retoma lenta previsto atrasa também as perspectivas de regresso a níveis de PIB real semelhantes aos anteriores à crise.

Esta diferença nas taxas de crescimento tem também influência na evolução do mercado de trabalho. Para Portugal, a Comissão prevê uma taxa de crescimento do número de empregados de 0,8% tanto em 2015 como em 2016. Para a Irlanda essa taxa de crescimento é de 2,2% em ambos os anos, enquanto na Grécia é de 2,6% no próximo ano e de 4% no ano seguinte. Isso não impede contudo que a taxa de desemprego grega, tal como a espanhola, esteja ainda nos 24% em 2016. Em Portugal este indicador ficará em 2016 nos 14,8%, acima da média europeia de 11,4%. 

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