Portugal mantém 33.º lugar do índice da Transparência Internacional

Associação cívica Transparência e Integridade diz que Administração Pública e política transformaram-se numa "central de negócios que favorecem os jogos de corrupção".

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Nuno Alexandre Mendes

Portugal manteve, em 2013, o 33.º lugar no Índice de Percepção da Corrupção da organização Transparência Internacional, mas perdeu pontuação numa lista que este ano inclui mais um país do que em 2012.

No ranking divulgado nesta terça-feira, Portugal apresenta uma classificação de 62 pontos (63 no ano passado), numa escala de zero a cem, que vai de muito corrupto (zero) a livre de corrupção (cem) e em que mais de dois terços dos 177 países analisados obtiveram resultado negativo.

Em comparação com os parceiros da UE, Portugal surge em 14.º lugar, acima da Polónia, Espanha, Itália, Grécia e da maioria dos países de leste. O ranking europeu é encabeçado pela Dinamarca (91 pontos em 100), Finlândia e Suécia (89 pontos), enquanto o último lugar cabe à Grécia (40 pontos).

No ranking geral, a Dinamarca e a Nova Zelândia ocupam o 1.º lugar, com 91 pontos, enquanto a Somália, o Afeganistão e a Coreia do Norte são os piores da lista com apenas oito pontos.

Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da associação Transparência e Integridade, Paulo Morais, considera "dramática" a pontuação de Portugal, relativamente à corrupção, apontando a gravidade do fenómeno na política e Administração Pública. Mas se a actual posição no ranking é "grave", Paulo Morais entende que mais grave é o facto de o posicionamento do país na tabela da corrupção ter vindo a sofrer uma "depreciação permanente", pois no ano 2000 estava em 23.º lugar e, há dez anos, ocupava a 25.ª posição. "Na última década o país no Mundo que mais se depreciou em termos de transparência foi justamente Portugal", enfatizou o responsável, que considera que o país, a Administração Pública e a política "transformaram-se numa central de negócios que favorecem os jogos de corrupção".

O vice-presidente da associação cívica Transparência e Integridade criticou ainda a incapacidade portuguesa de recuperar para o Estado os activos financeiros capturados aos arguidos em casos de corrupção. Morais lembrou casos de corrupção na Expo-98, Euro-2004, o caso dos submarinos e os casos do Banco Português de Negócios (BPN) e do Banco Privado Português (BPP), para dizer que a corrupção tem sido “crescente” e “latente” e notou que, em relação “aos poderosos”, o Estado coloca-se frequentemente numa "posição de respeitinho", senão mesmo de "cócoras".

Angola foi o único país de língua oficial portuguesa que melhorou a pontuação no Índice de Corrupção Percepcionada (ICP), apesar de continuar a ter um dos piores resultados entre os países lusófonos. Angola passou de 22 para 23 pontos, situando-se no 153.º lugar. Guiné Bissau, com 19 pontos, está no 163.º lugar; Moçambique e Timor Leste apresentaram-se ambos com 30 pontos, na 119.º posição. São Tomé e Príncipe e o Brasil, os dois com 42 pontos, estão no 72.º lugar, e Cabo Verde, com 58 pontos, está na posição 41.ª.

Este índice de Percepção da Corrupção é composto por índices de corrupção de entidades internacionais consideradas credíveis, como o Banco Mundial, a Economist Intelligence Unit, o Banco Africano para o Desenvolvimento ou a Fundação Bertelsmann. Mesmo os países mais “limpos” enfrentam desafios como "a captura do Estado, o financiamento de campanhas e a supervisão de contratos públicos", que continuam a ter "grandes riscos de corrupção", revela a nota de imprensa da Transparência Internacional.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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