Portugal emitiu 1250 milhões de euros em dívida de curto prazo

Juros baixaram na emissão de títulos com prazo de seis meses, mas subiram nos bilhetes com prazo de um ano. IGCP conseguiu o montante previsto.

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O IGCP quer realizar, no terceiro trimestre, duas operações de dívida de longo prazo Paul Hanna/Reuters

O Tesouro português conseguiu ir buscar aos mercados 1250 milhões de euros em títulos de dívida pública de curto prazo. O montante colocado corresponde ao valor máximo que o IGCP (entidade responsável pela gestão da tesouraria) tinha previsto alcançar nesta operação e vem já cobrir uma parte das necessidades de financiamento do Estado para 2015.

Portugal emitiu dívida em Bilhetes do Tesouro a seis meses (400 milhões de euros) e outros com maturidade de um ano (850 milhões de euros). As taxas de juro recuaram na emissão dos títulos de prazo mais curto, mas subiram de forma ligeira nos títulos com prazo de 12 meses.

Pelos títulos que vencem em Janeiro de 2015 (seis meses), a taxa de juro suportada pelo Estado é de 0,24%, enquanto na emissão anterior o juro fora de 0,43%. A procura pela dívida portuguesa superou a oferta tanto nos bilhetes a seis meses, como nos títulos com prazo de um ano, mas foi no prazo mais curto que se concentrou o interesse dos investidores, com a procura a representar 2,46 vezes a oferta.

Nos bilhetes que vencem em Julho de 2015 (12 meses), a procura foi 2,05 vezes a oferta. E a taxa de juro subiu para 0,453%, contra 0,36% no último leilão com as mesmas características.

Para Filipe Silva, director de gestão de activos do Banco Carregosa, esta é “uma subida marginal” que deve ser encarada sem sobressaltos. Num comentário enviado às redacções, o analista relativiza a subida, sublinhando que “Portugal conseguiu, mais uma vez, boas taxas para se financiar no curto prazo”.

“Os investidores mantêm o interesse em investir em dívida de curto prazo e os níveis de procura demonstram esse interesse. As taxas saíram em linha com as que estão a ser praticadas”, vinca, lembrando que, em Junho, Portugal realizou uma emissão a três meses na qual pagou uma taxa de juro de 0,18%. “Portanto, hoje conseguir colocar dívida a seis meses a 0,24% é bastante positivo”, acrescenta.

O Tesouro realizou esta emissão de dívida depois de semanas de agitação nos mercados de acções portuguesas por causa da instabilidade no Grupo Espírito Santo (GES) e do comportamento em bolsa do BES. A turbulência na Bolsa de Lisboa teve repercussões nas praças internacionais e reflectiu-se também no mercado de dívida, levando a uma subida das taxas de juro da dívida portuguesa no mercado secundário.

Embora a operação realizada nesta quarta-feira se tratasse de uma emissão de curto prazo, a expectativa era a de saber de que forma o aumento do chamado “prémio de risco” exigido à dívida portuguesa que se verificou na semana passada se iria reflectir neste leilão.

Para além dos leilões regulares de títulos de curto prazo, o IGCP quer ainda realizar neste terceiro trimestre duas colocações de Obrigações do Tesouro (títulos com prazos mais longos).

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