Portugal emite dívida de curto prazo a taxas de juro mais baixas

Taxa da emissão a três meses é a mais baixa desde Abril de 2010.

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João Moreira Rato, presidente do IGCP, e Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças Nuno Ferreira Santos

As taxas de juro das emissões de dívida pública de curto prazo realizadas esta quarta feira pelo Estado português registaram uma forte descida face aos resultados obtidos em operações semelhantes no passado mês de Novembro, confirmando o ambiente positivo que se vive actualmente nos mercados em relação à dívida soberana dos países periféricos da zona euro, como Portugal.

As taxas de juro das emissões de dívida pública de curto prazo realizadas esta quarta feira pelo Estado português registaram uma forte descida face aos resultados obtidos em operações semelhantes no passado mês de Novembro, confirmando o ambiente positivo que se vive actualmente nos mercados em relação à dívida soberana dos países periféricos da zona euro, como Portugal.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP realizou esta quarta-feira emissões de duas séries de bilhetes de tesouro, uma de 240 milhões de euros com um prazo de três meses e outra de 1010 milhões de euros com um prazo a um ano.

De acordo com os dados publicados a seguir às operações, os títulos de dívida a três meses foram colocados a uma taxa de 0,495%, uma taxa que compara com os 1,07% que se tinham registado em Novembro quando o tesouro realizou uma operação semelhante. É necessário recuar até Abril de 2010, um ano antes da chegada da troika a Portugal, para encontrar uma emissão de dívida pública portuguesa a três meses com taxas de juro mais baixas.

Nos títulos a um ano também se registou uma descida de taxas, que passaram de 1,49% numa emissão feita em Novembro para 0,869% agora.

Num comentário enviado às redacções a seguir à operação, o diretor da gestão de activos do Banco Carregosa mostrou-se surpreendido com a descida acentuada das taxas. "Sinceramente, nem eu esperava taxas tão baixas, mas a verdade é que a percepção de risco que os investidores têm sobre a dívida portuguesa está a descer bastante", afirma, salientando que "a procura foi também muito forte".

Na emissão de bilhetes de tesouro a três meses, a procura superou em 4,7 vezes a colocação de 240 milhões de euros que acabou por ser feita. No caso dos bilhetes de tesouro, a procura superou 2,3 vezes a oferta.


Leilões de OT regressam este semestre
Portugal tem realizado emissões de dívida pública de curto prazo com uma regularidade mensal. Fê-lo mesmo quando as taxas de juro atingiam valores máximos e o acesso aos mercados para colocação de dívida de longo prazo estava totalmente fechado. A três meses, chegaram a ser colocados bilhetes de tesouro a uma taxa de juro próxima de 5%.

O resultado obtido esta quarta-feira surge depois da colocação na semana passada de 3100 milhões de euros de dívida através da emissão de obrigações de tesouro a cinco anos, numa operação classificada pelo Governo como tendo sido "bem sucedida". O Executivo espera realizar, nos próximos meses, mais emissões de dívida de longo prazo, nomeadamente de OT a 10 anos, para consolidar a estratégia de regresso efectivo aos mercados antes do final do programa da troika em Maio deste ano.

No programa de financiamento da República Portuguesa para 2014 apresentado também esta quarta-feira pelo IGCP, é estimada a realização de emissões brutas de OT num valor entre 11.000 e 13.000 milhões de euros. A entidade que gere a dívida pública portuguesa revela ainda a intenção de fazer regressar os leilões de dívida de longo prazo.

Desde a chegada da troika que Portugal não realiza leilões de OT. No final de 2012 começou a realizar algumas colocações de dívida pública de longo prazo nos mercados, mas sempre através, ou de operações de troca de dívida, ou através de operações sindicadas, em que o Tesouro encarrega um grupo de bancos de encontrar investidores interessados em apostar na dívida pública portuguesa.

A emissão de dívida a 5 anos realizada no início deste ano foi feita por via de uma operação sindicada, um método que permite ao Tesouro antecipar com mais facilidade se existe procura para a colocação de dívida, reduzindo-se deste modo os riscos de insucesso da operação.

Nos leilões, a decisão de avançar para uma emissão envolve um maior grau de incerteza, já que é mais difícil antecipar qual o interesse dos investidores na operação. No entanto, os leilões têm as suas vantagens, a mais importante sendo o facto de as taxas de juro poderem ser mais baixas do que nas operações sindicadas.

O IGCP diz agora que "espera reintroduzir leilões de Obrigações do Tesouro (OT) no primeiro semestre de 2014 para promover a liquidez do mercado e um funcionamento eficiente dos mercados primário e secundário". Quando começarem a ser realizados, serão feitos à 2ª e 4ª quartas-feiras de cada mês, com as condições a serem anunciadas três dias antes. 
 
 
 

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