Portugal emite dívida a taxas mais altas

Bilhetes de tesouro a 18 meses ficaram com taxa de 2,29%

Foto
Passos Coelho e Paulo Portas Daniel Rocha

As emissões de dívida pública de curto prazo realizadas esta quarta-feira pelo Tesouro português registaram taxas de juro mais alta do que operações semelhantes realizadas num passado recente, reflectindo a deterioração que se tem vindo a verificar nas condições dos mercados desde o passado mês de Julho.

De acordo com os dados divulgados pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), foram colocados 750 milhões de euros em bilhetes de tesouro a 18 meses a uma taxa de juro de 2,29%. Isto representa uma subida em relação aos 1,603% registados na mais recente emissão realizada a este prazo, em Junho.

Foram também emitidos 500 milhões de euros de bilhetes de tesouro a 3 meses, tendo sido obtida uma taxa de juro 1,08%. Há pouco menos de um mês, uma emissão semelhante tinha sido realizada a uma taxa de juro de 0,766%.

O IGCP conseguiu, com a colocação de 1250 milhões de euros atingir o montante a que se tinha proposto.

As taxas de juro mais altas registadas nos leilões desta quarta-feira mostram a perda de confiança que se tem vindo a registar nos mercados em relação à dívida pública portuguesa. As taxas de juro a 10 ano voltaram a aproximar-se esta semana dos 7,5%, o mesmo valor registado no início de Julho no auge da crise política desencadeada pelas demissões de Vítor Gaspar do cargo de ministro das Finanças e a ameaça de demissão realizada logo a seguir por Paulo Portas, agora vice-primeiro ministro.

“As taxas subiram em relação aos últimos leilões comparáveis e a subida no prazo de 18 meses foi significativa (0,68 pontos base), mas a subida não é uma surpresa porque veio em linha com as taxas que estão a ser praticadas para a dívida dos mesmos prazos no mercado", escreveu Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa, numa nota enviada hoje à imprensa.
 

Sugerir correcção
Comentar