Portugal com o quarto défice mais elevado da zona euro

Eurostat admite que o valor pode subir se houver impactos para o Estado no âmbito da venda do Novo Banco.

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Harmonização tentada pelo BCE não surtiu efeitos MARTIN OESER/AFP

O défice público de Portugal (4,5%) foi, no ano passado, o quarto mais elevado entre os países que compõem a zona euro e poderá aumentar, afirma o Eurostat numa nota divulgada esta terça-feira, se houver impactos financeiros para o Estado decorrentes da venda do Novo Banco.

“O Eurostat expressa uma reserva face à qualidade da informação disponibilizada por Portugal em relação à capitalização do Novo Banco”, afirma o braço estatístico da Comissão Europeia, para acrescentar que o impacto final da privatização será acompanhado pelo Eurostat em cooperação com as autoridades estatísticas portuguesas. Dependendo do encaixe obtido com a venda, poderá verificar-se “um aumento do défice governamental”, afirma a nota.

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Com um recuo no défice de 0,3 pontos percentuais, para 4,5%, Portugal não evitou, por exemplo, ficar acima do valor apurado para a Grécia (3,5%) e para a Irlanda (4,1%), dois países que foram objecto de intervenção financeira externa.

Para o conjunto da zona euro, o Eurostat apurou um défice global de 2,4% (menos meio ponto percentual do que em 2013), enquanto para o conjunto da União Europeia o desequilíbrio das contas públicas é de 2,8%, em queda também face ao valor de 3,2% registado em 2013.

Chipre, com um défice de 8,8%, Espanha com 5,8% e Croácia com 5,7% são os países da EU com défices mais elevados, sendo de realçar o facto de o desequilíbrio francês (4%) ser superior ao da Grécia (3,5%).

No outro lado das contas, estão a Dinamarca com um excedente de 1,2%, a Alemanha com 0,7% e ainda a Estónia e o Luxemburgo com 0,6%.

O Eurostat reporta também o nível de endividamento dos estados, com a Estónia a revelar o rácio mais baixo, com uma dívida que corresponde a apenas 10,6% do seu produto interno bruto (PIB). Seguem-se o Luxemburgo (23,6%), a Bulgária (27,6%) ea Roménia (39,8%).

A Grécia é, segundo o organismo de estatística europeu, o estado-membro com um maior nível de endividamento (170,1%), seguindo-se a Itália (132,1%), Portugal (130,2%), a Irlanda (109,7%) e Chipre (107,5%).

A Alemanha é o país com um maior volume de fundos envolvidos em operações de financiamento de outros estados, com quase 70 mil milhões de euros comprometidos, num capítulo em que a França assume 52 mil milhões de euros, a Itália cerca de 46 mil milhões, a Espanha 30 mil milhões e a Holanda perto de 15 mil milhões de euros.

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