Porta-contentores chinês inaugura novo canal do Panamá

Projecto que levou dez anos a construir vai permitir escoar 600 milhões de toneladas de mercadorias por ano.

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Uma pequena multidão esteve presente neste dia histórico AFP/ RODRIGO ARANGUAON
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A nova via de circulação permitirá o trânsito de uma nova classe de navios porta-contentores REUTERS/Carlos Jasso
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Passagem do navio chinês pelo canal RODRIGO ARANGUA/AFP
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Cerca de 5% do comércio mundial passa pelo canal do Panamá AFP/ RODRIGO ARANGUAON

O novo canal do Panamá é finalmente inaugurado este domingo. Depois de mais de dez anos de obras de ampliação, e de um investimento de cerca de 7 mil milhões de euros, espera-se que uma das mais emblemáticas obras de engenharia dos últimos anos permita dar novo ímpeto não só à economia panamiana, mas ao comércio marítimo a nível mundial, permitindo escoar 600 milhões de toneladas de mercadoria por ano, o dobro do actual.

A nova via de circulação permitirá o trânsito de uma nova classe de navios porta-contentores, designados por post-panamax, que vêm triplicar a capacidade de transporte actual. O acto de inauguração do novo canal coube ao porta-contentores chinês Cosco Shipping Panamá (escolhido por sorteio, partiu a 12 de Junho do porto de Pireu, na Grécia) , que depois de entrar pelas eclusas de Água Clara, no Atlântico, tem nove horas de viagem até à a eclusa de Cocolí.

Aí, junto ao Pacífico, a gigantesca embarcação chinesa é recebida com pompa e circunstância por uma multidão de 20 mil pessoas, que rapidamente esgotaram os bilhetes de acesso à cerimónia que, segundo a AFP, foram distribuídos gratuitamente pela ACP. O Panamá convidou cerca de 70 governantes para esta inauguração, entre eles o presidente norte-americano Barack Obama e o presidente chinês Xi Jinpin, mas nenhum deles era esperado para este evento.

As obras de ampliação desta via por onde passa 5% do comércio mundial começaram em 2007, com um orçamento inicial de 5,25 mil milhões de dólares (cerca de 4,9 mil milhões de euros), com o objectivo de estarem concluídas no Verão de 2014, cem anos depois de o primeiro navio ter atravessado o canal, cuja propriedade o Panamá só conseguiu recuperar aos Estados Unidos em 2000.

Porém, o projecto que ficou a cargo de um consórcio de empresas liderado pelo grupo de construção espanhol Sacyr, passou por vários contratempos e, em 2014 chegou a estar paralisado, depois de uma derrapagem dos custos na ordem dos 1600 milhões de dólares (1172 milhões de euros), que obrigou a um novo acordo de financiamento com a Autoridade do Canal do Panamá (ACP), para sair do impasse. Segundo o El País, a Sacyr reclama agora aproximadamente três mil milhões de euros de sobrecustos.

Não foram, porém, apenas as dificuldades de financiamento que travaram a engrenagem e fizeram atrasar a inauguração da obra: em Agosto passado, foram detectadas fissuras nas paredes de betão das gigantescas comportas, que obrigaram a obras suplementares, que levaram mais um ano a serem concluídas. Contudo, agora, mais profundo e mais largo, o novo canal do Panamá é finalmente inaugurado.“A satisfação de ver a obra terminada tem um sabor tão bom, que começa a ofuscar todas as vicissitudes”, assinalou o administrador do Canal, Jorge Luís Quijano.

Actualmente, os navios que circulam no canal do Panamá têm uma capacidade de transporte de 5000 TEUS (unidade de medida equivalente contentores de 20 pés), e os navios pos-panamax poderão transportar 12.000 TEUS. O triplo da capacidade representa também o triplo das receitas para a autoridade portuária do Panamá, que espera começar a amortizar este investimento já no próximo ano.

Os post-panamax com dimensões de até 49 metros de largura por 366 metros de comprimento, têm capacidade para transportar 13.000 contentores e permitirão ao Panamá recuperar os clientes que lhe têm estado a ser roubados pelo recentemente ampliado Canal do Suez, no Egipto.

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