Por cada três mil pessoas há uma bomba de gasolina

Indústria petrolífera dá emprego a 20 mil pessoas e paga remunerações mais elevadas que a média nacional.

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Sector petrolífero pagou 313 milhões de euros de remunerações directas em 2014 David Clifford/Arquivo

Em Portugal, em média, existe um posto de combustível para cada 2923 habitantes. Apesar de "uma forte assimetria" entre o litoral e o interior, a distância média entre cada bomba são 2,7 km, embora no distrito de Lisboa exista o caso de dois postos separados por 1,1 km e em Beja tenha sido identificado um outro “bastante isolado”, a 41 km do posto mais próximo.

Os números são do estudo “Contributo da indústria petrolífera para a economia portuguesa”, desenvolvido pelo Audax/ISCTE para a Apetro, a associação que representa as empresas do sector. Além de medir o impacto económico, o estudo quis aferir “o nível de serviço à comunidade”. Assim, além da cobertura geográfica das bombas de gasolina, a análise abordou os horários de funcionamento existentes nos quase três mil postos existentes em Portugal, constando que existem 62 horários diferenciados por todo o país.

Olhando ao impacto económico, o estudo concluiu que, em 2014, a indústria petrolífera teve um peso na economia de 670 milhões de euros, uma diminuição de 10,9% face a 2012 (os três anos sobre o qual recai a análise), quando o Valor Acrescentado Bruto (VAB) rondava os 845 milhões de euros. O sector atingiu uma produção de 9400 milhões (essencialmente refinação de produtos petrolíferos), o equivalente a 4,4% da produção nacional. Neste período marcado pela crise económica e pela diminuição das vendas, o volume de negócios encolheu cerca de 3%, para 22.517 milhões de euros (7% do total nacional). O estudo destaca ainda “a forte redução do investimento” do sector nos últimos anos, com uma queda de 23,7% entre 2012 e 2014, quer pela conclusão de alguns projectos (como as reconversões das refinarias da Galp), quer pela “conjuntura do país”.

O que não diminuiu foi a sua “relevância na receita fiscal”. Em 2012 e 2013, o montante dos impostos sobre os produtos petrolíferos atingiu “em média, 4100 milhões de euros”, representando cerca de 20% do total de receitas de impostos sobre os produtos. “Não há outro sector que represente tanto”, lê-se na conclusão do estudo, que recorda que no início de 2016 os combustíveis voltaram a sofrer um aumento da carga fiscal (via ISP).

Em 2014, a indústria petrolífera (composta por 2300 empresas, das quais cerca de duas mil se dedicavam ao comércio de combustíveis) dava emprego a cerca de 20 mil pessoas (0,6% do emprego no país), a maioria das quais empregadas nos postos de abastecimento. As actividades de refinaria (onde se concentra a maioria dos profissionais altamente qualificados do sector) empregavam 1729 pessoas e o comércio por grosso de produtos petrolíferos, outras 3314.

Os cerca de 15 mil empregados dos postos receberam menos de metade (cerca de 148 milhões de euros) dos 313 milhões de euros de remunerações directas pagas em 2014. Ainda que o salário médio na indústria ronde os 1228 euros (mais 12,7% que a média nacional), nas bombas de gasolina a remuneração média está nos 768 euros, mas nas refinarias aproxima-se dos 3400 euros.

Apesar de notar que “a indústria tem um peso natural do lado das importações [a matéria-prima]”, a análise destaca o seu perfil exportador, nomeadamente a venda de produtos refinados a países exportadores de petróleo, como o México. O estudo refere que em 2015 as exportações do sector representaram 7% do total nacional e atingiram 3500 milhões de euros (uma queda de 0,6% entre 2012 e 2015, num contexto de descida de preços).

Além de analisar o contributo específico do sector petrolífero para a economia portuguesa, o estudo do Audax-ISCTE procurou ainda medir os seus efeitos indirectos sobre os restantes sectores de actividade. Assim, por cada ano avaliado, a actividade do sector terá “gerado uma produção adicional na economia portuguesa de cerca de 3400 milhões de euros”, conclui a análise. 

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