Poceram prepara-se para liquidação

Os 153 trabalhadores da Poceram, de Coimbra, ficaram hoje a saber que o futuro da empresa será a liquidação, face à não concretização de uma proposta de um potencial investidor, disse fonte sindical.

O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica do Centro, Jorge Vicente, avançou à Lusa que o administrador judicial irá requerer ainda hoje a convocação de uma assembleia de credores.

O prazo para a apresentação de potenciais investidores terminou terça-feira sem que se tenha concretizado qualquer proposta, três meses após o gestor ter solicitado, na primeira assembleia de credores, um período extra para definir um rumo para a empresa.

“Se o tribunal entender, pode não convocar os credores para uma assembleia e decretar a liquidação directa”, afirmou o sindicalista.

A fábrica está parada desde Abril de 2009 e, para Jorge Vicente, o desfecho agora anunciado “já se previa há muito tempo”.

“Para levar para a frente esta empresa seria preciso um grupo muito forte, que teria de investir pelo menos três milhões de euros para por a fábrica a funcionar de novo”, sustentou.

A insolvência foi decretada em Setembro, a pedido de um ex-director, para reclamar salários em atraso.

O montante dos salários em atraso aos trabalhadores ronda um milhão de euros, valor que chegará aos “três a quatro milhões de euros” em caso de indemnizações.

O sindicato encara a situação com “apreensão e receia que não haja dinheiro suficiente para pagar aquilo a que os trabalhadores têm direito”.

“A fábrica está em tão mau estado que até chove lá dentro, o recheio quando for vendido é para a sucata e houve uma dação dos terrenos para a banca, a quem a empresa ficou a pagar pelos mesmos terrenos, através de leasing, 49 mil euros por mês”, afirma Jorge Vicente.

O dirigente sindical considera que o “negócio” dos terrenos entre a Poceram e a banca, em 2007, “é um processo muito esquisito” e reclama uma investigação.

“Se não se conseguir anular o negócio estamos feitos, porque isso pode inviabilizar a que muita gente de receba aquilo a que tem direito”, justificou, frisando que a sua existência só foi conhecida com a insolvência.

Os trabalhadores têm marcado um plenário para dia 31, mas se houver uma assembleia de credores antes antecipam a data.

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