Pilotos da Air France prolongam greve por mais quatro dias

Protestos contra plano de reestruturação só terminam a 26 de Setembro.

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Air France prevê cancelar 55% dos voos nesta sábado REUTERS/Jean-Paul Pelissier

Os pilotos da Air France decidiram neste sábado prolongar a greve por mais quatro dias, até 26 de Setembro. A paralisação, que já começou na segunda-feira passada, foi convocada para contestar o plano de reestruturação da subsidiária low cost Transavia.

A decisão de estender a greve foi anunciada pelo porta-voz do Syndicat National des Pilotes de Ligne (SNPL). Mas Jean-Louis Barber afirmou, citado pela Reutersque os protestos poderão “prolongar-se por mais tempo”, apelando a que o sindicato seja recebido pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls, para que seja encontrada uma solução para pôr fim ao conflito com a administração da companhia.

Dos pilotos presentes na assembleia-geral, mais de 80% votaram a favor de uma extensão dos protestos, que deveriam terminar já nesta segunda-feira, completando uma semana de greve.

Os trabalhadores contestam o plano que a Air France pôs em marcha, este mês, para expandir a low cost Transavia, numa tentativa de fazer frente à concorrência das companhias de baixo custo europeias e aumentar os ganhos.

Com esta reestruturação, a frota da Transavia aumentaria de 50 para 100 aviões e o número de passageiros mais do que duplicaria, atingindo 20 milhões por ano. O sindicato teme que esta aposta na subsidiária low cost tenha consequências negativas para a Air France e para os trabalhadores, já que o plano prevê a abertura de novas bases da Transavia fora de França.

“Apelamos ao primeiro-ministro para que agende rapidamente uma reunião e não temos dúvidas de que prestará muita atenção a este tema tendo em conta o plano para deslocalizar postos de trabalho”, referiu Jean-Louis Barber.

Do lado da Air France, a companhia insiste que tem mantido “um diálogo constante com os pilotos com o objectivo de alcançar um acordo em benefício do crescimento e da competitividade do grupo”.

Muitas das chamadas transportadoras aéreas tradicionais na Europa têm investido em subsidiárias low cost nos últimos anos para combater a Ryanair e a Easyjet. O modelo de negócio das companhias de baixo custo é, porém, muito diferente e, regra geral, menos benéfico para os trabalhadores por motivos de contenção de custos.

Esta paralisação tem tido um forte impacto na operação da Air France. Só neste sábado, a transportadora aérea prevê o cancelamento de 55% dos voos, mas a situação vai piorar no domingo, em que a fasquia subirá para 62% (a mais alta desde que a greve começou).

A companhia, que estima que cada dia de greve corresponde a um prejuízo entre dez e 15 milhões de euros, também tem sido castigada em bolsa: desde o início dos protestos, as acções do grupo caíram 5,7%, tendo encerrado com uma desvalorização de 2,5% na sexta-feira.

Os efeitos negativos deste conflito têm-se sentido em todas as geografias onde a companhia de aviação francesa, uma das maiores da Europa, opera. Em Portugal, por exemplo, uma média de cinco voos têm sido suprimidos por dia.

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