Pescanova reconhece irregularidades nas contas

Acções do grupo espanhol caíram a pique e foram suspensas nesta terça-feira, depois de o regulador de mercado espanhol anunciar uma investigação à Pescanova.

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Antes de o regulador suspender as acções da Pescanova, os títulos caíam perto de 20% Nelson Garrido

O grupo espanhol Pescanova, que negoceia com a banca o pagamento de dívidas para evitar a insolvência, reconheceu nesta terça-feira irregularidades nas contas, admitindo que o verdadeiro montante de dívida da empresa não corresponde ao que é reclamado pelos credores.

O grupo, conhecido pelos seus produtos congelados, está a ser investigado em Espanha pelo regulador de mercado de capitais (equivalente à CMVM portuguesa) por suspeitas de “abuso de mercado”.

O anúncio, tornado público na segunda-feira, teve hoje fortes repercussões no mercado para a Pescanova. A empresa viveu uma sessão em bolsa tudo menos calma: as negociações arrancaram uma hora mais tarde do habitual e, quando os títulos caíam a pique, perto de 20%, a cotação foi suspensa pelo regulador.

Não tardou para o presidente da Pescanova, Manuel Fernández de Sousa, emitir um comunicado a informar que a empresa detectou “discrepâncias” entre a contabilidade da empresa e os números da dívida bancária – “discrepâncias que podem ser significativas” e que levaram a empresa a abrir uma auditoria para apurar o que está em causa “o mais rapidamente possível”.

A Comissão Nacional de Mercado de Valores (CNMV) espanhola pedira à Pescanova não só para apresentar, “com a maior brevidade”, os resultados do último trimestre do ano passado, como para detalhar a situação patrimonial do grupo, o seu nível de endividamento e as “dívidas vencidas ou não pagas”.

Nenhuma destas informações é pormenorizada no comunicado ao mercado da Pescanova. Pelo grupo galego, que em Praia de Mira tem a maior unidade mundial de criação de pregado, apenas é dada a garantia de que o regulador será informado logo que for apurado o valor dessas “discrepâncias”.

Este, por sua vez, está a investigar se da actuação da empresa, administradores ou terceiros resultaram comportamentos considerados como “abuso de mercado”. Elvira Rodríguez, presidente do regulador, sublinhou que o pedido vai no sentido de a Pescanova apresentar “as contas de acordo com as normas da CNMV”.

Outra questão a avaliar pelo regulador é a evolução da Pescanova na Bolsa de Madrid, cujas acções caíram a pique desde que a empresa apresentou o processo contra credores. Os títulos do grupo valiam 17,4 euros a 1 de Março, mais 66,03% do que hoje, quando o regulador mandou suspender os títulos (nos 5,91 euros).
 
 
 
 
 
 

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