Perspectiva do rating de Portugal passa a "estável" para a Standard & Poor’s

Notação financeira do país deixa de estar sob risco de cortes imediatos. Juros baixam para mínimos de 2006.

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A S&P destaca o papel das exportações no crescimento de 1,4% que prevê para o período 2014-2015 Daniel Rocha

A agência Standard & Poor’s (S&P) melhorou nesta sexta-feira as perspectivas do rating de Portugal, seguindo os passos da Moody’s e da Fitch, as primeiras das três agências que controlam o mercado de rating mundial a abrir caminho a uma retirada da notação portuguesa do nível de “lixo” financeiro.

A classificação dada pela S&P mantém-se no nível BB, mas agora com uma tendência “estável”, deixando assim de estar sob o risco imediato de novos cortes, em que se encontrava até agora por ser olhada com uma perspectiva negativa.

A S&P adianta, no entanto, que a probabilidade de vir a subir ou a descer o rating no prazo de um ano é inferior a um terço, apontando antes para uma estabilização da nota de rating.

A mudança – conhecida no dia em que é esperada uma avaliação do rating português por parte da Moody’s – acontece numa altura de menor pressão dos investidores sobre o risco dos países periféricos da zona euro, que se tem reflectido nos últimos meses numa descida das taxas de juro da dívida.

A S&P enfatiza, numa nota divulgada nesta sexta-feira, o ambiente de melhoria, mas acrescenta outras razões: um desempenho económico e orçamental superior às expectativas da agência; o fim do empréstimo de 78 mil milhões de euros sem recorrer a um programa cautelar; uma “retoma da economia e do mercado de trabalho” mais rápida do que a prevista pelos analistas da agência; e um excedente da balança corrente e um superavit da balança de capital “suficientemente grandes para permitir à economia portuguesa reduzir gradualmente o seu elevado stock de dívida externa”.

A S&P destaca o papel das exportações portuguesas no crescimento da economia, prevendo que o produto interno bruto (PIB) aumente 1,4% no período 2014-2015, com “uma retoma gradual da procura interna” e do sector privado.

Mas alerta para o elevado nível da dívida pública portuguesa – 129% do PIB este ano, na previsão da agência – e continua a ver riscos sobre o ritmo de crescimento. Uma das razões para isso, diz a agência, tem a ver com o facto de a procura interna – embora a melhorar – estar condicionada pelo elevado nível de endividamento das empresas e dos particulares.

Para os analistas da S&P, que citam dados do Banco de Portugal sobre a dívida das famílias e do tecido empresarial, isto é especialmente preocupando tendo em conta que se verificou uma “contínua contracção do crédito em Portugal” sem que o fardo da dívida tenha baixado para níveis sustentáveis e quando se verifica uma inflação baixa.

Juros em mínimos de oito anos
O movimento de descida dos juros continua a fazer-se sentir no mercado de dívida secundário, onde os investidores manifestam intenções de transacção (que podem concretizar-se ou não) de títulos de dívida dos Estados. À semelhança da tendência registada nas obrigações espanholas, gregas, irlandesas e italianas, os juros portugueses têm recuado nos últimos meses, baixando para mínimos históricos à boleia desta queda na percepção de risco.

Na manhã desta sexta-feira, as taxas das Obrigações do Tesouro com  prazo de dez anos (referência no mercado) desciam para 3,47%, o valor mais baixo desde Janeiro de 2006, de acordo com a informação de mercado financeiro da agência Reuters.
 

   

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