Passos: Situação da CGD só trouxe "mais ameaças e dúvidas" ao sistema financeiro

Pedro Passos Coelho não poupou criticas ao Governo de António Costa e à forma como tem gerido a situação da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

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O líder do PSD acredita que a recapitalização só vai acontecer depois do Verão de 2017 Fabio Augusto/PÚBLICO

A gestão que está a ser feita à Caixa Geral de Depósitos “é uma história que deixa dúvidas éticas, políticas” e cria “uma pressão imensa para outros bancos”, considera Pedro Passos Coelho. O antigo primeiro-ministro e líder do PSD falava nesta segunda-feira ao jornal ECO, destacando que os bancos “que têm o mesmo auditor e que têm negócios suportados pela Caixa que não podem ser tratados de uma maneira num banco e de outra maneira noutro banco”.

Por isso, Passos Coelho considera que a forma como Costa tem gerido a situação da CGD trouxe “mais ameaças e dúvidas sobre o sistema financeiro”. O ex-governante português critica ainda o facto de o Governo ter dito que a recapitalização é urgente e que até à data não tenha feito nada, “foi só conversa”.

“Descobriu-se, agora em dois meses, muito convenientemente, prejuízos que o auditor não viu durante oito ou nove anos”, salientou, afirmando que continua a não encontrar motivos que justifiquem “necessidades [de capital] acrescidas na casa dos dois a três mil milhões de euros” para a Caixa.

Passos Coelho estima ainda que a recapitalização não aconteça antes do Verão de 2017, de forma a evitar que eventuais impactos da recapitalização prejudiquem a saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos (PDE). O líder do PSD antecipa “soluções alternativas”,  “para que o impacto seja tratado apenas como estatístico”, depois de a decisão de saída já ter sido tomada, explicou, prevendo que tal aconteça “entre Maio e Junho”.

Passos defende ainda que os prejuízos identificados entre a data da última recapitalização e a da próxima deverão ser registados no défice de 2016. O antigo primeiro-ministro sublinhou que a participação dos privados não deve superar os 49% e sublinhou que se quisesse privatizar a CGD, teria avançado para esse processo. “Não o fiz porque num sistema financeiro que precisava de cuidados, seria bom que o Estado mantivesse um banco público”, concluiu.

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