Passos diz que agências esperam pelas eleições para subir rating

PSD e CDS conquistam facto histórico ao concluir mandato, defende primeiro-ministro.

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Passos Coelho reiterou apelo ao consenso aos parceiros sociais e ao maior partido da oposição miguel manso/arquivo

O primeiro-ministro defendeu que é "pouco provável" que as agências de rating melhorem a notação de Portugal até às eleições, preferindo aguardar pelo acto eleitoral para aferir do prosseguimento do "caminho" de "consolidação orçamental" e "reformas estruturais".

"Não me surpreende, diria que até às eleições que se realizarão na segunda metade do ano, acho até muito pouco provável que alguma agência de notação financeira melhore o rating de Portugal", afirmou Passos Coelho aos jornalistas, no Japão onde se encontra em visita oficial, quando confrontado com manutenção da nota BB+ ("lixo") à dívida portuguesa, pela agência Fitch.

"É natural que queiram aguardar pela realização das eleições para saber se este caminho que temos vindo a seguir prosseguirá ou não, em termos de consolidação orçamental, por um lado, e de realização de reformas estruturais importantes para a nossa economia, por outro. Isso nota-se no racional que é muitas vezes apontado nessas notas das agências de rating", argumentou.

Questionado sobre se os factores políticos prevaleciam sobre os económicos, respondeu: "Julgo que os factores políticos aqui são bastante relevantes. São eles que de alguma maneira nos indicam se a recuperação da economia portuguesa se manterá com este perfil que adquiriu nos últimos anos ou não."

"Muitas vezes aparecem visões diferentes que olham quer para o processo de consolidação orçamental, quer para as reformas estruturais, de forma mais desconfiada, renitente. As próprias agências de notação financeira, o Fundo Monetário Internacional [FMI] vão realçando isso, dizendo que o ímpeto reformista, que não esmoreça, que não ande para trás", argumentou.

Passos Coelho defendeu que as agências de notação e o FMI têm preconizado que "o país prossiga o caminho de abertura económica e que, dado o nível de dívida pública que foi acumulado, que os governos mantenham esta vontade de ter menos défice público, mais excedentes primários, porque isso é essencial para melhorar o perfil de risco da dívida portuguesa".

"Apesar de o Governo estar muito comprometido com essa agenda, ninguém pode jurar que a seguir às eleições isso se vá manter. Mas confio muito que os fundamentos da nossa economia venham a sustentar uma melhoria de rating, portanto, acho muito natural que, após as eleições, haja uma melhoria que é compatível com o caminho e os resultados que temos vindo a evidenciar", declarou.

Passos Coelho considerou ainda que, "independentemente de quem possa vir a governar, será a exigência dos próprios portugueses que garantirá os resultados no médio e no longo prazo".

O primeiro-ministro tinha afirmado na sexta-feira, perante empresários japoneses, que o país e os portugueses tinham demonstrado "resiliência", assinalando que os "sacrifícios" efectuados não puseram em causa a "paz social".

Coligação PSD/CDS-PP alcança "facto histórico" ao cumprir mandato
O primeiro-ministro enalteceu o Governo PSD/CDS-PP que está à beira de concretizar o "facto histórico" de ser o primeiro executivo de coligação a terminar o mandato, ao mesmo tempo que recusou falar de negociações com os centristas.

Passos Coelho salvaguarda "a normalidade" que disse estar a viver-se em Portugal. "Durante muitos anos, habituámo-nos a mudanças de Governo, que muitas vezes não eram bem compreendidas pelos portugueses, observávamos noutros países da Europa uma certa estabilidade das políticas e estabilidade dos governos também. Infelizmente, em Portugal isso nem sempre aconteceu, sobretudo quando os governos não tinham maiorias absolutas de um só partido", declarou.

"Ora, nós estamos à beira de concretizar o facto que é histórico em Portugal: é que pela primeira vez temos um Governo de coligação que cumpre o seu mandato, que é um mandato de quatro anos. Isso só pode ter um significado muito positivo na nossa cultura política e para o futuro do país", defendeu.

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