Parvalorem retira meios de trabalho a funcionários que quer despedir

Presidente da empresa justifica decisão com protecção de informação financeira e comercial classificada.

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Trabaladores do BPN transferidos para a Parvalorem contestaram a decisão em tribunal. Foto: Rui Gaudêncio

Uma parte dos 49 trabalhadores que a Parvalorem, empresa pública criada para recuperar créditos antigos do falido BPN, pretende despedir, mas cujo processo ainda não foi efectivado, queixam-se de ter ficado esta sexta-feira sem a acesso a meios de trabalho, na sequência da desactivação de um programa informático.

A Parvalorem anunciou recentemente um despedimento colectivo, que envolve 49 trabalhadores, mas o processo ainda está na fase de negociação com a comissão de trabalhadores, que tem uma reunião marcada com a administração da empresa para 8 de Maio.

Os trabalhadores envolvidos no despedimento já foram informados pela empresa, que lhes deu a possibilidade de não continuarem a trabalhar, mas ainda não foram formalmente despedidos.

A comissão de trabalhadores denuncia que os trabalhadores que não aceitaram a suspensão de trabalho proposta pela empresa ficaram impedidos, pela desactivação da aplicação informática SGV, de continuar a desempenhar as funções habituais.

Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da Parvalorem, Francisco Nogueira Leite, esclareceu que “os trabalhadores em causa foram dispensados do serviço sem perda de qualquer remuneração ou direito” e que “os que optarem por se manter em funções continuam com acesso ao seu posto de trabalho e respectivos instrumentos informáticos com excepção de algumas aplicações específicas e cuja razão é a justificada protecção de informação financeira e comercial classificada”.

O mesmo responsável adianta que “um número significativo dos trabalhadores potencialmente abrangidos pelo despedimento colectivo não sofreu qualquer alteração no acesso a todas as aplicações”.

Aquando do anúncio de despedimento, a Parvalorem enquadrou a decisão no âmbito de “um processo de reestruturação”.

A comissão de trabalhadores contesta os motivos invocados, defendendo que “tudo estava planeado desde a venda do BPN ao BIC, altura em que, para facilitar o negócio, o Governo transferiu para a Parvalorem todos os trabalhadores dos serviços centrais”.

A comissão contesta que o despedimento seja feito antes da decisão de um processo que corre há dois anos nos tribunais, onde os funcionários contestam a sua transferência para a Parvalorem.

Os representantes dos trabalhadores lamentam que as propostas alternativas ao despedimento, como o envio de um portefólio de currículos a empresas do Estado e ao Governo, não tenham tido resposta. “Não encontramos interlocutores, nem há vontade política de resolver o problema do BPN definitivamente”, lamenta a comissão de trabalhadores.

A Parvalorem foi criada em 2010 para gerir a carteira de créditos adquiridos no âmbito do processo de reprivatização do BPN.

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