Parceiros sociais com dúvidas sobre eventual novo acordo de concertação social

Governo discute com as centrais sindicais e os patrões a estratégia do executivo para o crescimento, emprego e fomento industrial.

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O último acordo tripartido foi assinado entre as confederações patronais, a UGT e o Governo a 18 de Janeiro de 2012 Enric Vives-Rubio

Os parceiros sociais manifestaram dúvidas nesta quinta-feira relativamente a um eventual novo acordo de concertação social, considerando que ainda não foram cumpridas muitas das medidas previstas no acordo tripartido de Janeiro de 2012.

“Não tem qualquer sentido fazer outro acordo sem este estar cumprido. Ficamos desconfiados com o que se pretende. É que não se cumpriu o que está por fazer deste acordo”, disse aos jornalistas João Vieira Lopes, presidente da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal (CCP).

O responsável falava à entrada para a reunião da Concertação Social, que se iniciou pelas 15h20 e se foca na Estratégia para o Crescimento, Emprego e Fomento Industrial 2013-2020, recentemente apresentada pelo Governo.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse na quarta-feira, Dia do Trabalhador, estar disponível para discutir um novo acordo de concertação social sobre o crescimento económico e o emprego, sustentando que a realidade mudou e que é preciso “adaptar as coisas”.

Relativamente à concretização das medidas do acordo de Janeiro do ano passado, Vieira Lopes considerou que “pouco se fez” para reduzir os custos de contexto das empresas e a burocracia e “nada se fez” para revitalizar o comércio e para a reabilitação urbana.

As duas centrais sindicais (CGTP e UGT) subscreveram as reticências sobre um eventual novo acordo por o actual não ter sido ainda cumprido.

“Não se pode falar de novos acordos quando não se cumprem os que foram assinados”, disse Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, central que não assinou o acordo de 2012.

O sindicalista defendeu que o acordo do ano passado “precisa de ser avaliado”, porque “parece que fracassou totalmente”, a não ser relativamente à revisão da legislação laboral.

Pela UGT, o novo secretário-geral da central, Carlos Silva, manifestou satisfação pela “disponibilidade manifestada pelo primeiro-ministro para negociar com os parceiros”, mas lembrou que “o Governo nem sequer cumpriu o anterior acordo”.

Já António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), mostrou maior abertura a um eventual novo acordo tripartido por considerar que a conjuntura económica e social mudou entre 2012 e a actualidade.

O Governo enviou na semana passada aos parceiros sociais a Estratégia para o Crescimento, Emprego e Fomento Industrial 2013-2020, documento com o qual pretende criar as bases para o crescimento económico assente em pressupostos como a reindustrialização, investimento e exportações.

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