Países europeus suavizam e atrasam a Taxa Tobin

Campo de aplicação da medida será mais curto que estava previsto nos planos iniciais da medida.

Foto
Medida divide os países da UE

Onze países da União Europeia (UE), com Portugal incluído, confirmaram esta terça-feira a intenção de criar entre si uma taxa sobre as transacções financeiras o mais tardar a 1 de Janeiro de 2016, embora com um campo de acção mais curto e um calendário de concretização mais gradual do que o previsto.

Numa primeira fase, esta taxa incidirá apenas sobre as acções e alguns produtos derivados, decidiram os ministros dos 11 países que, por causa da oposição dos restantes 17 membros da UE à medida, decidiram criar uma “cooperação reforçada”, permitida pelas regras europeias, de modo a poderem avançar sem serem travados pelos outros.

O Reino Unido, sobretudo, tem desenvolvido uma oposição firme à criação desta taxa, apoiado pela Suécia, apesar de estar fora da “cooperação reforçada”, por temer que afecte os negócios da City de Londres.

Os britânicos apresentaram, aliás, um recurso contra a medida no Tribunal de Justiça da UE, que foi rejeitado na semana passada, mas não abdicam de continuar a contestação. “Se esta taxa tiver um impacto sobre outras economias europeias, estas terão o direito e a contestar e nós vamos fazê-lo”, garantiu o ministro britânico das Finanças, George Osborne.

A ideia deste imposto, mais conhecido por “taxa Tobin” – a partir do economista americano James Tobin que a concebeu há 40 anos para transferir fundos do sector financeiro para a ajuda ao desenvolvimento dos países mais pobres – foi recuperada pelos Governos europeus em plena crise financeira para mostrar aos cidadãos que os bancos terão de pagar parte dos problemas que criaram.

Os onze países envolvidos – França, Alemanha, Bélgica, Áustria, Eslovénia, Portugal, Grécia, Eslováquia, Itália, Espanha e Estónia – não estão, no entanto, totalmente de acordo sobre o campo de acção da medida, o nível do imposto e sobretudo a forma ou o local da cobrança.

A proposta original previa a aplicação de taxas de 0,1% sobre as acções e obrigações, e de 0,01% sobre os produtos derivados, a par da instituição de um novo "princípio de emissão" que impunha a tributação das transacções efectuadas sobre instrumentos financeiros emitidos num dos 11 países participantes, mesmo que a operação ocorresse fora do perímetro da "cooperação reforçada".

Segundo os cálculos da Comissão Europeia, a sua proposta deveria permitir ume receita anual a rondar os 37 mil milhões de euros.

Se a taxa for limitada numa primeira fase apenas às acções, a receita será de apenas 6000 a 7000 milhões de euros por ano.

Sugerir correcção
Comentar