Ovo estrelado instantâneo vai ser primeira patente portuguesa no sector dos ovos

Projecto da Derovo não leva gordura e os mercados muçulmanos são o principal alvo para a sua comercialização.

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Um ovo estrelado instantâneo, produzido por uma máquina ainda em protótipo, será a primeira patente portuguesa no sector dos ovos, disse na segunda-feira o administrador do grupo Derovo, líder do projecto.

O protótipo funcional para a produção em contínuo de ovos estrelados, desenvolvido ao longo de quatro anos, foi apresentado, em Pombal, à ministra da Agricultura, Assunção Cristas, e os promotores do projecto Egg Ready garantem que o produto, que é depois embalado individualmente, está pronto a ser consumido como um ovo estrelado normal, após ser aquecido num forno de micro-ondas.

"Vai ser uma patente da primeira tecnologia portuguesa para o sector dos ovos, dominada por alemães e holandeses", disse Amândio Santos, administrador executivo da Derovo.

Assunção Cristas assistiu à produção dos ovos estrelados que saíam de uma máquina, com a cadência de 100 ovos por hora, idealizada pelo Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Minho e construída pela firma Valinox, parceiros no projecto.

"Até no ovo estrelado é possível inovar, não há limites à nossa imaginação", frisou Assunção Cristas perante as explicações do funcionamento da máquina.

A ministra considerou que o ovo estrelado "é altamente nutritivo", possuindo "todas" as proteínas diárias necessárias e, no caso do projecto do grupo Derovo, sem "o problema do colesterol", por não ter gordura na sua confecção.

O gestor confirmou que o ovo "não leva gordura" e que é feito em três fases, variando o tempo de permanência na máquina "consoante se pretende a gema mais cozida ou mais líquida".

Amândio Santos apontou os mercados muçulmanos como estando "ávidos" de um produto desta natureza. "É a grande aposta através do ovo congelado: a Fly Emirates [companhia de aviação] vai ser o primeiro cliente de catering deste produto", revelou.

O responsável destacou ainda a colaboração entre a Universidade do Minho e a empresa, frisando que "cada vez mais" as empresas têm dificuldades em alocar recursos financeiros às áreas da inovação. "As universidades perceberam as necessidades das empresas e as empresas a linguagem das universidades. Hoje está criada uma relação de parceria perfeitamente possível para potenciar a inovação das empresas sem um custo demasiado elevado", frisou o empresário.

Já António Vicente, docente da Universidade do Minho, explicou que a instituição estudou duas vertentes do projecto: por um lado, o processo de conservação do ovo e, por outro, a construção da máquina que o iria produzir.

"A ideia era produzir, em contínuo, ovos estrelados que depois possam ser embalados, guardados durante um tempo razoável [três semanas em fresco e 18 meses em congelado] que permita a sua exportação e o consumo na hotelaria, restauração e serviços de catering", explicou.

O professor do Departamento de Engenharia Biológica frisou que tiveram de ser estudadas temperaturas, tempos, formas de embalamento e a maneira de preservar o ovo "e garantir que teria a sua qualidade intacta" até ao final do processo.

Leonel Conceição, director de produção da Derovo, frisou que o projecto teve um custo de cerca de 300 mil euros e avançou depois de várias empresas clientes do grupo pedirem "uma solução" para eliminarem a presença de ovos com casca nas suas cozinhas, por uma questão de higiene e segurança alimentar.

O próximo passo é projectar um equipamento, até final de 2013, "uma vez que o protótipo funciona lindamente" na produção em massa à escala industrial, que tem um custo estimado de cerca de meio milhão de euros.
 
 

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