Os gauleses

A França e a Itália reclamam flexibilidade nas regras orçamentais e reivindicam investimento. Todavia, apresentam orçamentos enxutos de austeridade. Alemanha e Eurogrupo exigem reformas e cumprimento do défice. Os líderes europeus desentendem-se, o petróleo baixa, as bolsas caem, os juros da dívida sobem. É iminente mais recessão. O Pacto de Responsabilidade, a saída da crise à la française, condiciona o Orçamento ao crescimento económico. Enuncia cortes na despesa que atingirão os 50.000 milhões de euros até 2017, mas preserva o Estado social, apesar das severas reduções nas despesas em Saúde e alguns encargos sociais e no Estado, administração central, regional e local. As medidas foram recebidas com quase indignação. Todavia, Governo e oposição, patrões e sindicatos, optimistas e pessimistas num ponto estão de acordo: as reformas são necessárias para ganhar crescimento, competitividade, emprego. São reformas. Não são cortes cegos. O Pacto ajusta, não liberaliza ou privatiza. Não flexibiliza leis laborais. Recusa a via verde para o despedimento. Não baixa salários. Não retira subsídio ao desemprego. Não corta pensões. A França não baixa o défice. Provavelmente, lá para 2017, chegará aos 3% da meta do Tratado Orçamental. Os franceses resistem à intransigência de Schäuble. Um primeiro passo será vencer a polémica da flexibilidade das regras fiscais. Uma nova batalha começa em Bruxelas. Se os gauleses devolverem à procedência os ortodoxos da austeridade, como Astérix e Obélix fizeram aos publicanos do governador Detritus, será bom para eles e para a Europa. Não há tempo a perder para encontrar a poção mágica.

Economista

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