OCDE aconselha empresas a diversificarem financiamento

Relatório indica que Portugal estava em 2013 entre os países em que o crédito a PME menos tinha recuperado face a 2007.

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A redução dos activos reflecte essencialmente a quebra na concessão de novos créditos Susana Vera/Reuters

A obtenção de crédito bancário vai permanecer ao longo dos próximos anos um desafio para empreendedores e pequenas e médias empresas (PME), antecipa a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que aconselha os empresários a procurarem fontes alternativas de financiamento.

Com base em dois relatórios em que analisa a concessão de crédito por parte da banca, bem como a actividade de fundos de investimento e o fenómeno do financiamento colectivo (normalmente conhecido por crowdfunding), a organização (que agrega 34 estados, entre os quais Portugal) aconselhou os países a ajudarem as empresas a não estarem apenas dependentes dos bancos neste aspecto.

“As pequenas e médias empresas têm um papel vital a fomentar o crescimento económico e a criar empregos, mas o acesso a financiamento por parte destas formas continuará a ser um desafio nos próximos anos”, afirmou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, numa apresentação daqueles relatórios. “Há uma necessidade premente de permitir aos pequenos negócios diversificarem as suas fontes de financiamento através de instrumentos financeiros alternativos”, acrescentou, de acordo com a versão escrita do discurso que fez em Washington, à margem dos Encontros de Primavera do Banco Mundial e do FMI, um evento anual de apresentações, debates e reuniões. Os relatórios serão também apresentados aos países do G20.

Um dos relatórios, cujos dados mais recentes são relativos a 2013, mostra discrepâncias grandes nos empréstimos feitos a PME em vários países. No topo da tabela, a Turquia, Rússia e Chile viram os empréstimos subir 255%, 105% e 87%, respectivamente, face a 2007. No outro extremo, caíram 13% em Portugal, 15% nos EUA e 32% na Estónia.

A OCDE nota que a nível de empréstimos concedidos não regressou aos valores observados antes da crise financeira. Gurría notou que isto aconteceu nos “países mais afectados pela crise financeira, como a Grécia, Portugal e Espanha”, mas disse estar surpreendido com o facto de se verificar o mesmo em países como o Reino Unido e os EUA. “As condições de crédito apertaram-se significativamente nos anos após a crise, e, apesar do afrouxar recente, continuam muito mais apertadas para as PME do que para as grandes empresas”.

A organização sublinhou ainda que o mau desempenho de parte dos empréstimos a PME, “tiveram um impacto negativo na disponibilidade dos bancos para emprestar e colocam uma ameaça concreta à recuperação económica dos países mais afectados pela crise financeira”.

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