O milagre do pleno emprego no concelho de Alvito

Estamos em Agosto de 2010 depois de Jesus Cristo. Todo o Alentejo está ocupado por um dos mais elevados índices de desemprego do país... Todo? Não! Um pequeno concelho habitado por irredutíveis alentejanos resiste ao invasor.

Com as inevitáveis adaptações, este texto de Goscinny, um dos autores das aventuras de Astérix, assenta na perfeição na realidade social de Alvito. Este concelho, que faz parte do Baixo Alentejo, uma das regiões do país onde os elevados índices de desemprego são crónicos há várias décadas - em Junho cresceu 16,2 por cento comparativamente com o mês homólogo -, apresentava, segundo os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), um dos mais baixos índices de inscritos no Centro de Emprego.

Luís Beguino, vice-presidente da Câmara de Alvito, confirmou ao PÚBLICO que no seu concelho se vive neste momento uma situação "que podemos classificar de pleno emprego". Como é que este milagre aconteceu num ponto da região do Alentejo, onde os autarcas dos seus 47 concelhos se debatem com o pesadelo do desemprego?

O autarca explica que o seu município accionou atempadamente o Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento Económico municipal, que desenvolveu "intensos esforços" para sensibilizar os empresários locais ou nos concelhos periféricos a aceitar mão-de-obra residente em Alvito.

E assim os cerca de 40 desempregados que estavam registados no concelho "foram encaminhados pelo nosso gabinete", refere o vice-presidente, para ocupar postos de trabalhos sazonais, boa parte deles na exploração de Vale da Rosa, que produz uva de mesa sem grainha que é exportada para Inglaterra.

A solução encontrada pelo município alentejano para debelar o desemprego no seu concelho vem ao encontro de outro objectivo: evitar recorrer aos Programas de Ocupação. "Neste momento não temos ninguém a beneficiar destes programas", mas quando é necessário a "câmara não hesita", salienta o presidente da autarquia, João Penetra, dando conta do seu interesse em ver as pessoas desempregadas serem colocadas no sector privado.

Para além dos postos de trabalho facultados aos locais da terra, a Câmara de Alvito ainda conseguiu colocação para 10 dos cerca de 30 estudantes dos PALOP que estudam na Escola Profissional de Alvito, nos cursos de Restauração e Informática.

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