O efeito da profecia auto realizável da DBRS

Manutenção do rating pode criar ambiente mais favorável para Portugal nos mercados.

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Mercados estão atentos às decisões da DBRS sobre Portugal Reuters/RALPH ORLOWSKI

O rating que a DBRS atribui a Portugal tem neste momento tanta importância para o país que, qualquer que fosse a decisão que a agência tomasse – projectar desenvolvimentos positivos e manter o rating ou prever acontecimentos negativos e baixar o rating –, o mais provável era que as suas previsões acabassem mesmo por se concretizar.

Este poder de fazer profecias auto-realizáveis acontece por via da reacção dos mercados. Se a DBRS tivesse baixado o rating colocando-o em nível “lixo” ou mesmo se tivesse reduzido a tendência para “negativa”, haveria poucas dúvidas que nos mercados, na próxima segunda-feira, a reacção fosse de uma subida bastante forte das taxas de juro da dívida portuguesa, algo que, por sua vez, acabaria por tornar a dívida pública portuguesa mais insustentável, um dos problemas com que se preocupa a DBRS.

No sentido inverso, a opção pela manutenção do rating pode criar condições para que a evolução da dívida portuguesa nos mercados seja mais positiva, com taxas de juro potencialmente mais baixas, que acabam por facilitar as coisas ao país na hora de obter financiamento externo.

Desde o início deste mês que as taxas de juro já têm vindo a cair, precisamente quando começou a dominar a ideia nos mercados de que a DBRS iria manter as taxas. Nas próximas semanas, a evolução irá essencialmente depender de qual o desconto que já vinha sendo feito em relação à decisão que agora se confirmou.

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