Nuno Osório é o novo administrador da CP

Privatizações na ferrovia fizeram baixa na empresa ferroviária do Estado.

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Presidente da CP também está ligado ao CDS Daniel Rocha

O Conselho de Ministros acaba de nomear Nuno Sanches Osório para a administração da CP, colmatando assim a saída de Isabel Vicente que pediu a demissão, incompatibilizada com o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro.

Sanches Osório foi administrador da ETE Logística, de onde saiu para a administração do Porto de Lisboa. É próximo do CDS/PP, o que representa um reforço para o presidente da CP, Manuel Queiró, também deste partido e que se tem debatido com uma administração pouco coesa e divergente.

Isabel Vicente, que era responsável, em conjunto com a administradora Cristina Dias, pela pasta da EMEF, regressa agora à Inspecção-Geral de Finanças, de onde precede, devendo reformar-se a breve prazo. A agora ex-administradora da CP saiu da empresa em divergência com Cristina Dias e com Sérgio Monteiro por discordar do modelo de privatização da EMEF e pela forma apressada como o processo está a ser conduzido.

Por sua vez, o presidente Manuel Queiró tem tido uma relação difícil com a sua administradora Cristina Dias, que é considerada na empresa como alguém que está em perfeita sintonia com o secretário de Estado Sérgio Monteiro. A gestora tem tido uma postura mais pró-activa do que o seu presidente na condução dos processos de privatização e de concessão. Foi ela própria que, a um dia do fim do prazo para o concurso público do Metro do Porto, comunicou aos potenciais candidatos a redução do preço da participação da EMEF para tornar o concurso mais atractivo. Uma informação que a empresa ferroviária veio depois desmentir.

Manuel Queiró já manifestou várias vezes a sua discordância face à privatização da CP Carga e da EMEF. O gestor diz que a venda da transportadora ferroviária de mercadorias é processo político que não faz sentido porque a empresa está a caminho da sustentabilidade.

Por seu turno, a privatização da EMEF (que se dedica à manutenção e reparação da frota da CP) substitui uma empresa instrumental por um monopólio privado, ficando a operadora pública nas mãos de um só fornecedor. Um estudo da EMEF entregue ao Governo alertava para a inoportunidade de se vender agora a empresa, tendo em conta que não existia em Portugal um verdadeiro mercado da indústria metalomecânica ferroviária.

A maioria das divergências que tem ocorrido no seio da administração da CP tem, precisamente, a ver com estes processos de privatização.

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