Nuno Amado: se comprador do Novo Banco "for chinês óptimo, desde que pague bem"

Três anos depois de ter apresentado prejuízos de 1200 milhões, o BCP regressou aos lucros.

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Pedro Cunha

Três anos depois o Banco Comercial Português volta a pisar terreno positivo, com um lucro trimestral consolidado de 70,4 milhões de euros (prejuízos de 40,7 milhões no período homologo de 2014), com a actividade internacional a contribuir com cerca de 55 milhões.

“Há três anos fiz a minha primeira apresentação de resultados e hoje é mais um dia importante na vida do BCP”, afirmou Nuno Amado, no dia em que a instituição anunciou o regresso aos lucros. O resultado positivo de 70,4 milhões nos primeiros três meses foi considerado como um "feito" por Nuno Amado, o actual presidente executivo, por ter sido alcançado num ambiente macro económico e de mercado “mais difícil”.

Esta segunda-feira, na apresentação das contas do primeiro trimestre do ano, o banqueiro lembrou que existem desafios pela frente, nomeadamente, os referentes ao pagamento do empréstimo estatal de 750 milhões [a parte que falta pagar pelo financiamento de 3000 milhões de Cocos]. Uma divida que o BCP admite liquidar antes de 2017, o prazo definido, de modo “a retomar o seu caminho sem apoio do Estado e de forma autónoma.” “Hoje somos um banco mais sólido”, “mais eficiente”, “em linha com o plano definido” e a perspectiva é fechar 2015 com lucros o que permitirá iniciar “um novo ciclo”, explicou Nuno Amado, que se estreou à frente do maior grupo privado em Fevereiro de 2012 (ano em que os prejuízos totalizaram 1219 milhões).

Instado a comentar a proposta de fusão do BCP com o BPI, o presidente do BCP contou: “O que fizemos foi, no início de Março, dizer que estávamos disponíveis para analisar a proposta que nos parece correcta”. Esta, diz, vai no sentido da tendência “clara de consolidação” que hoje se verifica e que está em linha com as orientações europeias.

O convite para a fusão com o BPI partiu da Santoro, de Isabel dos Santos, o segundo maior investidor do banco liderado por Fernando Ulrich, e surgiu em resposta à OPA lançada em Fevereiro pelo La Caixa. Amado assegurou que “não existem conversações” e que qualquer iniciativa no sentido implica “duas vontades” pelo que será sempre “amigável”: “Não será um abraço mas um aperto de mão.”

Sobre o processo de venda do Novo Banco, e dado que o BCP é parte interessada (por ser accionista do Fundo de Resolução), Amado defende que “o que interessa é que [o comprador] seja uma entidade que as autoridades atestem. Se for chinês, óptimo, desde que pague” bem. O “objectivo é maximizar” o preço, acrescentou.    

Sobre o debate á volta do pagamento aos detentores de papel comercial de empresas do GES, adquirido aos balcões do ex-BES, o presidente do BCP aproveitou para recordar que a 3 de Agosto de 2014, dia da medida de resolução que dividiu o BES em dois, “a legislação alterou-se” o que foi “uma das consequências desse processo” e mudou o relacionamento da instituição com as entidades associadas, como os accionistas, obrigacionistas e clientes. E sendo assim as garantias dadas pelas autoridades no sentido de pagar o papel comercial perderam “validade”: "Até essa data também não nos passava pela cabeça vir a suportar um concorrente, uma entidade que um dia concorreu connosco. Desculpem lá, mas é a vida!”.

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