Novo Banco perdeu 9300 milhões em depósitos em 2014, CGD foi quem mais ganhou

Quatro maiores bancos conseguiram aumentar os depósitos de clientes em 5607 milhões, tirando partido dos momentos conturbados vividos no BES.

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O Novo Banco inverteu a tendência de perda de depósitos no último trimestre de 2014 Miguel Manso

O Banco Espírito Santo (BES), agora Novo Banco, perdeu 9306 milhões de euros em depósitos de clientes nos últimos seis meses do ano passado, enquanto que a CGD foi o banco que mais aumentou os depósitos em 2014, segundo os relatórios e contas das instituições bancárias.

Embora não se possa comparar o perímetro do BES com o do Novo Banco, porque os depósitos do BES Angola, BES Miami e BES Líbia, ficaram no “banco mau”, a diferença chegou a ser de 11.315 milhões de euros entre Julho e Agosto do ano passado depois de o Banco de Portugal ter tomado o controlo do banco liderado por Ricardo Salgado, anunciando a separação da instituição num “banco mau”, que concentrou os activos e passivos tóxicos, e num “banco bom”, o Novo Banco, que reuniu os activos e passivos não problemáticos, como será o caso dos depósitos.

No entanto, apesar de um perímetro de consolidação diferente entre o BES e o Novo Banco, a fuga de depósitos aconteceu para outros bancos, certificados de aforro e outras aplicações em Portugal e no estrangeiro. E isso é explicado com o aumento de depósitos dos principais bancos em Portugal, conforme as suas contas de 2014 indicam.

O relatório e contas do primeiro semestre do BES, que terminou a 30 de Junho, indicava que a instituição financeira detinha 35.932 milhões de euros em depósitos de clientes. Quando o Novo Banco nasceu, a 4 de Agosto do ano passado, os depósitos estavam nos 24.617 milhões de euros, ou seja, durante o período de Julho, entre novos perímetros de consolidação, saída para outros bancos e certificados de aforro, a nova instituição financeira perdeu 11.315 milhões de euros.

Já com o fecho das contas de 2014, anunciado esta semana pelo presidente do Novo Banco, Stock da Cunha, a instituição registava nas suas contas 26.626 milhões de euros, ou seja, menos 9306 milhões de euros relativamente aos depósitos divulgados pelo BES a 30 de Junho.

A administração liderada por Stock da Cunha anunciou esta semana que o Novo Banco continuou a perder depósitos até final de Setembro do ano passado, conseguindo inverter a situação no último trimestre do ano e fechando o ano com mais 2000 milhões de euros quando comparado com os depósitos de 4 de Agosto.

Os quatro maiores bancos em Portugal conseguiram também, durante 2014, aumentar os depósitos de clientes em 5607 milhões de euros, tirando partido dos momentos conturbados vividos no BES.

O principal beneficiado foi o banco estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD), que aumentou os depósitos em 4,6% para 70.718 milhões de euros, mais 3.095 milhões do que em 2013.

Estes dados vêm demonstrar que a Caixa continua a funcionar como instituição financeira de refúgio dos portugueses quando a credibilidade do sector é afectada. Já assim foi quando rebentou o escândalo do Banco Português de Negócios (BPN), actualmente detido pelo BIC.
Dos bancos privados em análise, o Millennium BCP foi aquele que conseguiu arrecadar mais depósitos. Ou seja, mais 1222 milhões de euros (2,5%) do que em 2013, situando-se nos 49.817 milhões de euros.

Já a instituição financeira de capitais espanhóis, o Santander Totta, foi aquela que maior subida percentual teve, mais 5,6% relativamente ao ano anterior, conseguindo “roubar” no mercado 1075 milhões de euros em depósitos, atingindo os 20.346 milhões.

O Banco Português de Investimento (BPI) foi a instituição financeira que menos aproveitou a boleia da fuga de depósitos do Banco Espírito Santo. O banco liderado por Fernando Ulrich apenas conseguiu captar mais 215 milhões de euros em depósitos entre 2013 e 2014, uma subida de 1,1%, fechando Dezembro do ano passado com 19.121 milhões.

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