Novo Banco chega a acordo com dois mil emigrantes que exigem devolução das poupanças

Retorno do dinheiro investido é reclamado por sete mil pessoas e corresponde a aplicações num valor global de 720 milhões de euros.

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Os clientes lesados têm vários protestos marcados para os próximos meses Rita França

O Novo Banco já chegou a acordo com 2000 dos 7000 emigrantes que subscreveram produtos comerciais aos balcões do BES e que agora reclamam a devolução das suas poupanças, disse à agência Lusa fonte oficial da instituição.

"A adesão à solução para os clientes emigrantes está a correr de forma muito positiva", sublinha a mesma fonte, adiantando que à data de sexta-feira, dia 31 de Julho, a adesão se traduzia em "2000 propostas a clientes assinadas", quase "um terço dos clientes", conclui a mesma fonte. Segundo a mesma fonte, aos 7000 casos correspondem aplicações num valor global de 720 milhões de euros.

O Novo Banco começou a apresentar aos emigrantes, há pouco mais de uma semana, uma solução comercial para reaver o dinheiro, investindo nos produtos Poupança Plus, Top Renda e EuroAforro, e aguarda agora a aprovação da maioria dos sete mil clientes para avançar.

Segundo a mesma fonte, a solução comercial teve de ser autorizada pelo Banco de Portugal e prevê a assinatura prévia dos clientes para que o Novo Banco e o Credit Suisse possam anular os veículos financeiros. Só depois será possível avançar com a proposta comercial que garante pelo menos 60% do capital investido, e liquidez se essa for a opção, assim como um depósito anual crescente a seis anos, que possibilita recuperar no mínimo 90% do capital investido.

Uma solução que, segundo Amélia Reis, uma das porta-vozes do Movimento dos Emigrantes Lesados, com sede em França, não agrada aos clientes.

Em declarações à Lusa a 21 de Julho, esta porta-voz disse mesmo que se mantêm as manifestações previstas para dia 10 de Agosto, em Lisboa, de 26 de Setembro, em Paris, e, depois, todos os últimos sábados a partir de Outubro na capital francesa, "a não ser que haja um milagre antes". A mesma porta-voz explicou que a proposta que está a ser apresentada aos clientes emigrantes "não é milagre nenhum, só é pior".

A situação dos emigrantes não é a única que o Novo Banco tem para resolver, depois da resolução do BES em Agosto do ano passado. Segundo a mesma fonte, desde Outubro do ano passado que o Novo Banco está a resolver situações que tinham como activos subjacentes dívida sénior do BES que transitou para o Novo Banco.

Segundo os dados facultados à Lusa pelo Novo Banco, as soluções apresentadas desde Outubro envolveram um total de quase 14 mil clientes e um valor aplicado de 2120 milhões de euros.

Ainda segundo a mesma fonte, em matéria de depósitos, e tal como o Expresso noticiou na semana passada, o Novo Banco ultrapassou pela primeira vez o BES, numa base comparável. Um resultado que foi possível porque desde Setembro do ano passado os depósitos aumentaram seis mil milhões de euros, quatro mil milhões em 2014 e cerca de dois mil milhões este ano.

Em termos de concessão de crédito, segundo a mesma fonte, o Novo Banco continua a liderar a linha PME Crescimento, um veículo de apoio às pequenas e médias empresas nacionais, com uma quota de mercado de 24,1%, num total de 203 milhões de euros de crédito concedido.

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