Novo Banco avança com solução comercial para clientes com obrigações não subordinadas do BES
Proposta implica que os clientes vendam obrigações no mercado e constituam dois depósitos a prazo.
O Novo Banco começou esta segunda-feira a propor contratos de recompra aos clientes de retalho que subscreveram obrigações não subordinadas do BES. Esta solução passa pela venda dos títulos de dívida no mercado e a constituição de depósitos, em condições que minimizam potenciais perdas.
A solução proposta pela instituição, e que foi esta segunda-feira noticiada pelo Diário Económico e pelo Jornal de Negócios, envolve a venda dos títulos no mercado e a constituição de dois depósitos bancários.
No primeiro depósito, a três anos, o cliente deposita o montante gerado pela venda das obrigações, beneficiando de uma taxa anual nominal bruta (TANB) média de 2,75%. O cliente não pode levantar este depósito durante 12 meses.
O segundo depósito, capitalizado a 10 anos, é constituído pelo banco a favor do cliente, em que o montante corresponderá a 75% do diferencial entre o valor a que as obrigações foram vendidas e o valor acordado no passado para a sua recompra (capital e remuneração).
O depósito a dez anos garantirá uma taxa de 4,25% e pode ser resgatado ao final de um ano, tal como o primeiro.
Em termos meramente exemplificativos, se uma obrigação valia 100 euros em condições de cumprimento das condições acordadas, mas vai ser vendida a 60 euros, o Novo Banco compromete-se a reembolsar os clientes, através do segundo depósito, no equivalente a 75% da perda gerada pela venda. Com este modelo, o cliente assume uma perda inicial de 25% do valor expectável, mas que, segundo o banco, pode ser compensada pela taxa de juro ao longo dos 10 anos, se mantiver o depósito por esse prazo.
Os detentores das obrigações não subordinadas do BES podem não aceitar a proposta agora feita pelo Novo Banco, e continuar com os títulos em carteira. De referir que as entidades responsáveis pelo pagamento de juros e reembolso do capital das obrigações em causa são várias empresas do universo Espírito Santo, que se encontram sob o regime de protecção de credores, e será nesse âmbito que o eventual pagamento do crédito será decidido.
Para a solução agora proposta o Novo Banco vai utilizar uma provisão ainda constituída pelo BES para garantir a recompra das obrigações em causa. Recorde-se que o Novo Banco surgiu da cisão do BES em dois, com este último a concentrar os activos tidos como tóxicos.