Nova câmara de comércio quer dinamizar relações comerciais entre Portugal e Indonésia

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Com 240 milhões de habitantes, a Indonésia é a terceira maior democracia e o maior país muçulmano do mundo Bay Ismoyo/AFP

A Câmara de Comércio e Indústria Indonésia-Portugal nasce na segunda-feira, para aumentar as relações económicas e comerciais bilaterais, pouco antes da primeira visita à Indonésia do Presidente da República português.

“É fundamental existirem grupos associativos que promovam esta partilha de experiências e de contactos em prol de interesses comuns, para que nasçam oportunidades de negócio que potenciem as relações económicas bilaterais”, afirmou à Lusa Luciano Coelho da Silva, presidente da comissão instaladora da câmara de comércio e cônsul honorário da Indonésia no Porto.

Luciano Coelho da Silva admitiu que, apesar de a organização já estar em funcionamento “informal”, o lançamento oficial, na segunda-feira, em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, se enquadra na visita que Cavaco Silva fará este mês à Indonésia, bem como a Timor-Leste, Austrália e Singapura.

“A visita impulsionou uma série de dinâmicas que levam uma delegação empresarial extensa. É um momento que exige que não só se marque presença mas também se participe activamente na dinâmica que vai arrancar”, referiu.

A câmara de comércio nasce assim com o objectivo de partilhar informações sobre empresas e mercados dos dois países, prestar serviços de apoio empresarial, de ambiente de negócios e parcerias e organizar missões comerciais, para reforçar as relações comerciais.

Em 2011, segundo estatísticas oficiais portuguesas, Portugal exportou para a Indonésia cerca de 11 milhões de euros e importou 87 milhões de euros. No entanto, nos dois primeiros meses de 2012, as exportações portuguesas aumentaram 303,3%, em comparação com igual período do ano anterior.

“A Indonésia é, sem dúvida, a par do Brasil, da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul, uma das maiores potências emergentes. É o quarto maior país do mundo, em população, com cerca de 240 milhões de habitantes, é a terceira maior democracia mundial, é o maior país muçulmano do mundo, enfim, é um mercado que dificilmente Portugal pode ignorar”, referiu Luciano Coelho da Silva

Em termos de sectores, Luciano Coelho da Silva considerou que a relação comercial entre os dois países pode ganhar mais dinâmica em áreas como a energia – o sector petrolífero, do gás e das energias renováveis –, o turismo, ou o desenvolvimento de infra-estruturas, bem como as parcerias na área da investigação e da tecnologia.

“O mercado europeu, que se vai reduzindo, tem de ser imediatamente compensado com a nossa presença nestes mercados emergentes, onde existe mais população. É para aí que temos de nos virar. Se, há 500 anos, os nossos antepassados tinham o monopólio do comércio internacional, eu não vejo razão nenhuma para que os seus descendentes não retomem esse espírito de aventura”, acrescentou.

Após 24 anos de interrupção devido à questão de Timor-Leste, Portugal e a Indonésia restabeleceram as relações diplomáticas em Dezembro de 1999.

Luciano Coelho da Silva defendeu ainda o investimento na Indonésia como forma de as empresas portuguesas se expandirem na Ásia. “As condições que temos em Jacarta, em termos de presença, não são muito dispendiosas e permitem fazer dali um centro de operações. E porque é o principal país, a Alemanha do Sudeste Asiático, permite ali criar um centro muito importante de expansão nos outros países da Ásia. Sobre isso, não tenho qualquer dúvida”, concluiu.

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