Norte-americanos da Apollo investem cerca de 200 milhões para ficarem com Tranquilidade

Seguradora pertencia ao Grupo Espírito Santo (GES) e vai ser vendida pelo Novo Banco. PS pede explicações.

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Sara Matos

Os norte-americanos da Apollo vão investir cerca de 200 milhões de euros para ficar com a Tranquilidade, um valor que inclui uma injecção de 140 milhões de euros na seguradora, disse à Lusa fonte próxima da negociação.

“O valor da transacção é de cerca de 200 milhões de euros e inclui uma capitalização de 140 milhões de euros para reforçar o capital e melhorar o rácio de solvabilidade [da Tranquilidade], afirmou a mesma fonte.

De acordo com a fonte, as negociações para a compra da seguradora “vêm desde Janeiro de 2014” e o “preço que está em causa é semelhante ao que havia sido apontado” no início das conversações.

A transacção deverá estar concluída “dentro das próximas semanas” e permitirá, segundo a fonte próxima da negociação, “dar uma base financeira e de solvabilidade mais forte” à Tranquilidade, que pertencia ao Grupo Espírito Santo (GES) e que vai ser vendida pelo Novo Banco.

A notícia da venda da Tranquilidade à Apollo foi avançada esta sexta-feira pelo Jornal de Negócios. Entretanto, o PS já reclamou do Instituto de Seguros de Portugal, regulador do mercado, um esclarecimento sobre a "situação financeira" da Tranquilidade, reclamando também detalhes sobre o valor de uma eventual venda à Apollo.

"Ninguém percebe como é que neste momento [a Tranquilidade] vale só 50 milhões de euros. Quem é que está a fazer o negócio, em nome de quem, e até que ponto estão salvaguardados os dinheiros que foram injectados no Novo Banco?", questionou o dirigente socialista Óscar Gaspar em declarações à agência Lusa.

Óscar Gaspar lembra que até há pouco tempo "era perfeitamente possível o BES fazer o que entendesse da companhia de seguros ou de outros seguros", mas "hoje não é assim".

"Depois do dia 3 de Agosto, estamos a falar de uma entidade que tem 4900 milhões do fundo de resgate. Qualquer operação deveria ser superiormente legitimada", advoga o responsável pelos assuntos financeiros do PS, para quem, nestas matérias, "a pressa é má conselheira".

"Por que é que agora em poucas semanas, em duas, três semanas há esta pressa desenfreada em vender a Tranquilidade?", interroga o socialista, falando num valor abaixo do desejável, comparando por exemplo com a venda recente de 80% dos seguros da Caixa Geral de Depósitos (CGD) ao grupo chinês Fosun por mil milhões de euros.

A Apollo Managment International, fundo norte-americano, também esteve na corrida à privatização das seguradoras da Caixa, ganha em Fevereiro pela sociedade de capital de risco chinesa. Na altura, o negócio de mil milhões de euros envolveu um terço do mercado segurador português e o encaixe total ascendeu a quase 1209 milhões de euros devido à distribuição prévia de dividendos de 209,9 milhões de euros.

A empresa chinesa prometeu “cooperação de longo prazo” e ficou com 80% da Fidelidade, da Multicare e da Cares. As receitas com esta privatização vão chegar, a 1264 milhões de euros, já que outros 55 milhões serão arrecadados com a oferta pública de venda de 5% da Fidelidade, destinada aos trabalhadores que, até Junho ainda não tinha avançado. Se a procura não abranger a totalidade da oferta, as acções que restarem serão entregues à Fosun.

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Recentemente, também o Millenium bcp vendeu a participação de 49% que detém nas seguradoras Ocidental e Médis ao grupo belga Ageas por um preço base de 122,5 milhões de euros. O banco liderado por Nuno Amado acordou com a Ageas uma reformulação parcial dos acordos de cooperação estratégica, que inclui a venda do total das participações de 49%. Nesta join-venture, a Ageas detinha 51% e passará, assim, a ter 100% do capital das duas seguradoras. A decisão do Millennium foi tomada no âmbito “do processo de re-enfoque nas actividades core, definido como prioritário no Plano Estratégico”.

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