No estúdio os carros do fisco são virtuais, o prémio quer reconhecer a “cidadania”

Os primeiros vencedores do sorteio de Audi A4, que se estreou na RTP1, são contribuintes da Amadora e de Ferreira do Alentejo.

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Ensaio antes da gravação do programa, apresentado por Tânia Ribas de Oliveira Miguel Manso

Em estúdio, quatro câmaras, seis técnicos, o teleponto já alinhado com as primeiras palavras que darão o tiro de partida do primeiro concurso semanal organizado pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para sortear automóveis de gama alta aos contribuintes que pedem facturas com Número de Identificação Fiscal.

Ter-se-á desiludido quem, na estreia do programa Factura da Sorte, contava ver uma tradicional tômbola a rodar em estúdio, como nos populares concursos dos idos anos 1990, onde alguém surgiria no ecrã a ditar pausadamente, quase como num cântico coral, o número do “feliz contemplado”; para os habitués do Euromilhões, não terá sido uma surpresa o formato do sorteio do fisco, que na noite desta quinta-feira se estreou na RTP 1 com apresentação de Tânia Ribas de Oliveira. Tudo é feito num estúdio virtual, paredes e chão forrados a verde forte, para depois moldar em computador os efeitos que surgem na televisão, como os Audi A4 que aparecem em movimento na TV.

O estúdio é onde o programa acontece, mas é fora dele — à porta fechada e na presença de um júri de quatro pessoas — que é feito o sorteio electrónico, através de um sistema informático que selecciona aleatoriamente o premiado, a partir de milhões de facturas emitidas ao longo de um mês. É essa “extracção” electrónica que depois é plasmada no ecrã da televisão. E assim foi no primeiro concurso, transmitido em diferido já depois das 22h, mas gravado durante a tarde, no requisitado estúdio 4 da RTP.

Na estação pública, o sorteio do fisco é virtual, é certo, mas o estúdio mora dois andares acima dos cenários físicos da Praça da Alegria e do Portugal no Coração, os talk shows que vivem paredes meias com o popular O Preço Certo, o concurso que às vezes também dá carros.

Já passa das 17h. Ultimam-se os pormenores do programa. Por questões de confidencialidade, a gravação será feita apenas com a equipa do programa em estúdio. Mas os ensaios começam antes da extracção electrónica, realizada no andar de baixo na presença de um júri. A equipa do programa nada sabe sobre os números premiados. “Estamos à espera que cheguem”, atira a apresentadora aos jornalistas que por breves minutos visitaram o estúdio antes da gravação. E apenas antecipava que o programa teria “duas frases-tipo sobre combate à economia paralela que justificam este sorteio”. Um “reconhecimento da cidadania”, diria durante o programa. Numa sala reservada ao júri, viriam depois a ser sorteados os cupões. A acompanhar o processo estavam os representantes da Inspecção-Geral das Finanças, da Secretaria-geral do Ministério da Administração Interna, da AT e da Santa Casa.

Em jogo estiveram 207, 3 milhões de cupões, formados a partir de 46 milhões de facturas emitidas por 7,8 milhões de contribuintes. Neste caso, os sorteios de Abril correspondem a facturas emitidas em Janeiro e comunicadas pelas empresas aos fisco até dia 25 do mês seguinte. Os sorteios são semanais e, como o concurso arrancou já a meio de Abril, esta semana foram realizados dois sorteios. Os dois primeiros carros saíram a contribuintes da Amadora e de Ferreira do Alentejo.

O número de cupões é muito superior ao de facturas porque estas são fraccionadas em dez euros (ou fracções de dez euros) a partir do montante acumulado por cada contribuinte ao longo de um mês.

Quem ganhou os dois Audi A4 sorteados será agora informado pelo fisco por email ou por carta para o domicílio fiscal. Quando um prémio não é reclamado ou não é entregue, é considerado no sorteio extraordinário seguinte (realizado pelo fisco a cada semestre).

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