“No sector financeiro não vale tudo”, diz Carlos Tavares

Presidente da CMVM diz que fiscalização dos swaps cabia às empresas e aos auditores externos.

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Carlos Tavares Claudia Andrade/Arquivo

Carlos Tavares, que está a ser ouvido nesta terça-feira na comissão parlamentar de inquérito aos swaps, defendeu que cabia às instituições financeiras uma “ética negocial” na comercialização destes derivados às empresas públicas.

“No sector financeiro não vale tudo, por muitos proveitos que algo possa proporcionar”, afirmou o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

O responsável argumentou, numa resposta ao deputado do PSD Carlos Silva, que “a instituição financeira tem a obrigação de julgar se o interlocutor está a perceber o que está a ser proposto”.

Carlos Tavares disse ainda, no seguimento de declarações sobre a ausência de poderes dos supervisores para fiscalizar estes produtos, que cabe também às empresas essa supervisão interna. “É um trabalho que vai da auditoria interna ao conselho fiscal e existem também os auditores externos, cuja responsabilidade muitas vezes é subestimada”, afirmou.

Perante a verdadeira bomba-relógio criada com a subscrição de swaps nas empresas públicas, que atingiram perdas potenciais superiores a 3300 milhões de euros, o presidente da CMVM afirmou que “porventura alguns desses controlos não funcionaram, atendendo aos resultados”.

Carlos Tavares defendeu ainda que a comercialização deste tipo de derivados passasse a ser divulgada, como já acontece agora noutros mercados.

“Deveria haver um sistema de reporte de transacções, qualquer que seja o instrumento transaccionado, sejam acções ou derivados. Preferiria que existisse um sistema em que houvesse essa obrigação de transparência, tal como para as acções essa transparência existe”, referiu.

 
 

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