Natal não salva grandes superfícies de quebra de vendas

Portugueses cortaram gastos consecutivamente este ano. As estimativas do sector para o último trimestre apontam para quebras de 2% no volume de facturação. Em 2013 a crise no consumo vai agravar-se, estima a grande distribuição.

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Os portugueses estão a consumir mais produtos frescos Paulo Pimenta

O ano não vai terminar positivo para as grandes superfícies que estimam quebras de 2% nas vendas nos últimos três meses de 2012, incluindo no Natal, época de ouro para o comércio. Desde o início do ano que o volume de receitas tem vindo a cair consecutivamente. Os portugueses continuam a controlar os gastos e nem o período natalício parece incentivar mais ao consumo.

As previsões da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), divulgadas esta quarta-feira, apontam para uma descida mais acentuada (6%) das vendas de produtos de electrónica, pequenos electrodomésticos, informática, entretenimento ou vestuário, entre Outubro e Dezembro, em comparação com o período homólogo de 2011. No negócio alimentar, espera-se um aumento de receitas de apenas 1%, apesar de, nesta altura, tradicionalmente se gastar mais em comida e iguarias típicas do Natal.

Enquanto se aguardam pelos números definitivos das vendas entre Outubro e Dezembro, o Barómetro de Vendas da APED relativo ao terceiro trimestre (Julho a Setembro) mantém um cenário de quebra. Entre supermercados e lojas de roupa, o negócio contraiu 1,5% face ao ano passado. Comparando com segundo trimestre, as vendas subiram em valor - as campanhas de Verão e o regresso às aulas ajudaram estimular a facturação, que subiu de 4,6 mil milhões de euros para 6,2 mil milhões de euros.

Entre Julho e Setembro, o negócio no ramo alimentar – que pesa 63% no total das vendas do sector - cresceu 1% para 3,9 mil milhões de euros. É no não alimentar que mais se sente os efeitos da crise no consumo (descida de 5,8% nas vendas), sobretudo nos produtos de entretenimento.

Sobe consumo de produtos frescos, desce o de bebidas
Os portugueses estão a deslocar-se com menos frequência aos super e hipermercados, e gastam mais em cada acto de compra. Os preços subiram 6,5%, revela a APED, citando dados da Nielsen e da Kantar. No início da crise, os consumidores cortaram nos gastos fora de casa e passaram a consumir mais refeições prontas e de take-away. Agora, compram mais produtos frescos e confeccionam as refeições, sem recorrer à comida pronta. Mais de 30% do carrinho de compras é composto por produtos frescos. O peso de bens de charcutaria também aumentou neste trimestre. Mantém-se as descidas no consumo de bebidas, produtos lácteos e de higiene para o lar.

Com menos dinheiro, os portugueses estão a comprar cada vez mais marcas da distribuição. A quota subiu de 36,4% para 36,9% do segundo para o terceiro trimestre. “O factor mais importante na decisão de compra são as promoções, descontos, cupões e talões”, sublinha a APED.

De acordo com a associação, que representa desde hipermercados a lojas como a Ikea ou a Fnac, 2013 não trará boas notícias para o sector. “Prevê-se um agravamento da crise da crise do consumo em Portugal, com uma quebra acentuada do poder de compra dos consumidores”, e os operadores vão continuar a apostar “numa forte política de promoções” e descontos.

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